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Opinião
Domingo - 08 de Janeiro de 2023 às 04:56
Por: Osvânio Pimenta

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Vamos falar aqui sobre um problema de saúde que ainda gera muita dúvida e por vezes leva anos para ser diagnosticado: a endometriose intestinal. Ela ocorre quando o tecido endometrial, que reveste a parte interna do útero, cresce no intestino, dificultando seu funcionamento e causando sintomas como alteração dos hábitos intestinais e dor abdominal intensa, especialmente durante a menstruação.

Quando as células do endométrio são encontradas apenas na parte externa do intestino, a endometriose intestinal é chamada de superficial, mas quando penetra na parede interna do intestino, é classificada como endometriose profunda.

Nos casos mais leves, em que o tecido endometrial não se espalhou muito, o tratamento indicado pelo médico consiste no uso de remédios hormonais, no entanto, nos casos mais graves, o médico pode recomendar a realização de cirurgia para reduzir a quantidade de tecido endometrial e, assim, aliviar os sintomas.

Em relação aos sintomas, os mais frequentes são dificuldade para evacuar, dor no abdome durante o contato íntimo; dor na parte inferior do abdome; diarreia persistente; dor persistente durante a menstruação; e presença de sangue nas fezes.

Estes sintomas tendem a piorar durante a menstruação, mas também podem surgir fora do período menstrual, sendo confundidos com outros problemas intestinais, como intestino irritável.

Por outro lado, também é comum que a endometriose intestinal não cause sintomas, podendo ser identificada em exames de rotina, como a colonoscopia, por exemplo.

Possíveis causas

A causa da endometriose intestinal não é totalmente conhecida, mas durante a menstruação o sangue com células endometriais pode, ao invés de ser eliminado pelo colo do útero, retornar no sentido contrário e atingir a parede do intestino, além de poder também afetar os ovários, causando a endometriose ovariana. Saiba quais os sintomas e como tratar a endometriose no ovário.

A endometriose intestinal também pode ser associada a intervenções cirúrgicas anteriores realizadas no útero, que pode acabar espalhando células do endométrio na cavidade abdominal e afetando o intestino. Importante observar ainda que mulheres que têm familiares próximos, como mãe ou irmã, com endometriose intestinal, podem ter mais risco de desenvolver a mesma doença.

Como confirmar o diagnóstico

Para a confirmação do diagnóstico da endometriose intestinal, são indicados exames de imagem como o ultrassom transvaginal, tomografia computadorizada, videolaparoscopia ou enema opaco, que ajudarão também a descartar outras doenças intestinais que podem ter sintomas semelhantes como os da síndrome do intestino irritável, apendicite e doença de Crohn, por exemplo. Veja como estes exames são feitos para diagnosticar a endometriose intestinal.

O tratamento

O tratamento para endometriose intestinal é definido de acordo com os sintomas apresentados pela pessoa e gravidade da endometriose, sendo na maioria dos casos indicada a realização de cirurgia para retirar o tecido endometrial localizado no intestino, o que ajuda a aliviar os sintomas.

A maioria das cirurgias são realizadas sem grandes cortes, apenas por laparoscopia com a introdução dos instrumentos cirúrgicos através de pequenos cortes na barriga. Mas em algumas situações pode ser necessário a cirurgia tradicional em que é feito uma incisão maior no abdômen, mas esta escolha só é feita após a análise das áreas do intestino que estão afetadas pela endometriose.

Após a cirurgia pode ser necessário que o tratamento continue por meio de medicamentos anti-inflamatórias e reguladores hormonais como pílulas, adesivos, injeções anticoncepcionais ou uso do DIU, além de ser necessário seguir o acompanhamento com ginecologista e fazer exames regularmente para monitorar a recuperação e observar de o tecido endometrial não volta a crescer no intestino.

Dr. Osvânio Pimenta é cirurgião, especialista em endometriose e bariátrica e integra a equipe multidisciplinar da Eladium



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