Usar ou não a chupeta?
A mãe que nunca se sentiu aliviada ao ver seu bebê se acalmar somente depois de lhe entregar a chupeta, que atire a primeira pedra. Para muitos pais, esse é o recurso mais utilizado para fazer o bebê parar de chorar, principalmente quando já lhe foi oferecido o peito para mamar, a comidinha, a água, quando a fralda foi trocada e nada disso foi suficiente. Mas também há pais que são categóricos sobre oferecer a chupeta por qualquer motivo.
É muito difícil conhecer uma criança que não use ou que não tenha usado a chupeta. Esse objeto, também chamado de bico em algumas regiões do Brasil, traz conforto para os pequenos e os ajuda a ficarem calmos. Muitas vezes, eles não conseguem dormir sem ele. E, por isso, a hora de fazer os filhos abandonarem esse hábito é um transtorno para os pais.
Chupar a chupeta é mais do que um costume para os bebês. Em ultrassonografias, é possível ver que a criança, mesmo antes de nascer, já chupa o dedo.
A sucção é uma necessidade fisiológica, algo que o pequeno vai precisar na hora da amamentação. Por isso, pesquisas mostram que a maioria das mães já oferece a chupeta antes de a criança deixar a maternidade.
Os motivos para oferecer o objeto variam, mas todos levam ao mesmo lugar: a chupeta é reconfortante.
Os bebês primogênitos usam mais, o que pode significar que mães menos experientes ficam mais nervosas com o choro e oferecem a chupeta como um calmante. Mas muitos também veem o objeto como um símbolo da criança, e ficam felizes de comprar muitos bicos para o bebê que ainda nem nasceu.
Para que a chupeta não prejudique a fala do bebê, os fonoaudiólogos recomendam que a chupeta só seja oferecida na hora de dormir, e que o hábito seja retirado na medida em que a necessidade de sucção diminui – entre um e dois anos de idade. O uso excessivo de chupeta leva a uma diminuição da tonicidade dos músculos usados durante a amamentação, a mastigação, a deglutição e a fala. Transtornos esses que podem desencadear uma formação crânio oro facial alterada como também desvios na arcada dentária, imprecisão articulatória, entre outros. Uma chupeta usada entre os lábios entreabertos também leva a uma respiração bucal, muito diferente se os lábios estivessem vedados.
O problema é que essa transição não é fácil, nem para os pais, nem para o bebê.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, é preciso pesar os prós e contras da decisão de oferecer ou não a chupeta à criança. Por um lado, o bebê pode querer trocar a alimentação, principalmente as mamadas (para aqueles que são amamentados no peito) pela chupeta, e isso pode causar efeitos sobre o seu desenvolvimento, como a perda de peso. Além disso, peças da chupeta podem causar problemas sérios, como se desprender com o manuseio ou até causar asfixia.
Por outro lado, é mais do que normal que as crianças, em especial os bebês, procurem alguma forma de sucção para se acalmar, seja por meio do seio materno, do dedo, da chupeta, da mamadeira ou até da fralda, como forma de se sentirem acolhidos.
Então, qual é o momento certo para deixar a chupeta ou bico? E como os pais podem facilitar essa transição para os filhos e para eles mesmos?
O problema é que essa transição não é fácil, nem para os pais, nem para o bebê.
Mesmo que cada criança seja diferente, algumas dicas podem ajudar a diminuir a necessidade da chupeta, até que a separação já não seja mais tão difícil. Confira:
·Restrinja o uso aos poucos. Por exemplo, só permita o uso da chupeta na hora de dormir ou quando a criança estiver doente;
·Faça um furo no bico da chupeta. Isso diminui o prazer da sucção, que está na pressão que a chupeta exerce no céu da boca. O furo faz com que o ar entre e a pressão diminua;
·Não tenha várias chupetas em casa. No máximo, duas. Quando começar a perder o interesse na chupeta, o pequeno vai pensar que o problema é aquela chupeta específica, e vai pedir por outra. Use a técnica do furo em todas elas;
·Fale que crianças mais velhas não usam chupeta. Crianças gostam de se sentir grandes! Isso fica mais fácil se ela tiver um irmão ou primos mais velhos;
·Incentive-a a dar a chupeta para o Papai Noel, coelhinho da Páscoa ou algum outro personagem imaginário;
·Se quiser recompensá-la por não usar mais a chupeta, prefira passeios, presentes simples ou adesivos em vez de doces ou presentes caros. Não substitua um hábito ruim por outro!
Ainda que essa seja uma fase difícil, ela é importante para o desenvolvimento do seu filho. Por isso, seja forte e o ajude a passar por esse momento!
Vanessa Moraes é fonoaudióloga e audiologista na Sonicon em Cuiabá/MT
Comentários