O pavão emplumado Espero ter disposição para continuar discutindo as questões do nosso cotidiano
O escritor francês Anatole France fazia reflexões sobre os seus textos e os seus livros, e uma delas é sobre a utilidade do que escrevia.
Ele achava que os agricultores que plantavam e colhiam, tinham a certeza de que alimentava as pessoas, mas ele duvidava da serventia do que fazia. Foi ele que disse - que nada é verdadeiro no mundo, exceto a beleza.
O nosso Vinicius disse coisa parecida, tempos depois, de outra forma: - as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental.
Longe de mim me comparar a este gênio da literatura universal. Eu escrevo, deste sempre, de forma esporádica, seguindo o conselho do falecido jornalista José Eduardo do Espírito Santo que me dizia que um artigo, para ser lido, tem que ter uma página e meia, fora disso, ele cansa o leitor que nem acaba a leitura.
Entretanto, há sete anos, eu escrevo regularmente, toda semana, aqui nesta coluna, por determinação da minha amiga jornalista Margareth Botelho que me acha polêmico e por que escrevo sobre diversos temas, em várias áreas de conhecimento. E quando eu a encontro lhe pergunto se não estou sendo repetitivo e se não está na hora de parar, ela diz que não. Não tenho, motivos para duvidar da minha cara amiga.
Entretanto, eu fiquei emocionado e lisonjeado, neste início de ano, quando recebi o e-mail, que transcrevo a seguir:
- Caro Renato G. Nery, sou leitor assíduo de seus artigos na Gazeta, faz tempo; gosto muito deles, em especial quando comenta sobre literatura. Tenho os mesmos gostos que você. Poderia ter escrito o seu artigo de hoje VIOLETA, igualzinho. Sou apaixonada por Izabel Allende; Violeta está demais, sempre superando.
Gosto muito também de Vargas Llosa, Carlos Fuentes e Leonado Padurra, este a minha mais recente Paixão, acho que li tudo dele, Poeira ao Vento é de emocionar. Apenas incluiria nesse rol o colombiano Gabriel Garcia Marques, o inspirador desse latino-americanos, com exceção talvez de Varga Llosa, seu grande rival.
Diante de tantos livros em comum posso considerá-lo como meu amigo.
Cordialmente
Guilherme Frederico Muller -”.
Ante tal gentil manifestação de apreço, fiquei lisonjeado e respondi:
“- Obrigado pela gentileza. Fico lisonjeado em ter um leitor como você. Acho que não fiz justiça ao Gabriel Garcia Marques que escreveu o livro fantástico Cem Anos de Solidão. Considero também você como amigo por afinidade intelectual e me proponho a estreitar os nossos laços, pois temos certamente muitas coisa em comum.....
Vou mandar lavar tapete vermelho e afiar a banda de música para o encontro -”
Portanto, meus caros leitores, com uma manifestação e um incentivo deste quilate, eu estou me achando um pavão emplumado e vocês vão ter que me aturar por muito tempo. Espero ter disposição e saúde para continuar discutindo, semanalmente, as questões do nosso cotidiano e do nosso tempo. A todos que se dão ao trabalho me ler, todas as semanas, os meus sinceros agradecimentos.
Renato Gomes Nery é advogado.
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