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Opinião
Segunda - 13 de Fevereiro de 2023 às 04:30
Por: Renato de Paiva Pereira

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Tudo indica que o presidente Lula está passando por uma crise aguda de logorreia. O pior é que na sua incontrolável compulsão de falar, enveredou por assuntos economicamente sensíveis que têm perturbado a paz do mercado.

Aliás, retoricamente ele tem perguntado quem é este “tal de mercado” que se retrai a cada pronunciamento que faz. Mercado, presidente Lula, como o senhor está cansado de saber não é uma associação, uma entidade, um sindicato, uma confraria ou uma instituição.

Ele, somos nós os empresários, os industriais, os agropecuaristas os comerciantes, os prestadores de serviço, os profissionais liberais, os trabalhadores públicos e privados – enfim, o conjunto da sociedade – que produz rendas e riquezas, emprega pessoas, paga impostos e movimenta a máquina pública.

Quando o senhor abusa da descortesia atacando o presidente do Banco Central, esse tal de mercado sente o cheiro de politicagem e se resguarda, prevendo algum tropeço da economia. Aí a bolsa cai, o dólar sobe e os investidores se afastam.


Mas o Presidente tem ido mais longe em sua incontinência: ele e seu partido que ganharam o direito e a obrigação de governar o País ficam fomentando picuinhas, buscando chifre na cabeça de cavalo correndo atrás dos gastos com o cartão corporativo do governo passado, levantando improváveis “rachadinhas” da ex-primeira dama, inclusive levando para a mídia pequenos danos corriqueiros que os antigos moradores do palácio teriam feito no prédio e questionando o destino das moedas retiradas do laguinho do Planalto.

Em outra vertente tenta transformar o impeachment da Dilma em golpe de Estado. Se ela mereceu ou não ser defenestrada eu não sei, mas o fato é que a queda dela, como costuma acontecer nestes casos, deveu-se à perda total do apoio popular e, por consequência, dos parlamentares.

O processo foi absolutamente legal nos moldes que prevê a constituição, inclusive acompanhado pelo Supremo Tribunal Federal.

Não estou decepcionado com este começo de governo simplesmente porque nunca me iludi com ele. Para se ter uma decepção é necessário ter antes uma ilusão, o que não foi o caso.

Mas, na verdade não esperava tanta verborragia pois contava com o efeito da idade como moderadora das vaidades humanas e não esperava também o exagerado espaço que a televisão tem dado a ele nestes primeiros 40 dias para exercitar sua tagarelice.

Se não bastassem tantos deslizes, o Presidente ainda ressuscitou seu antigo bordão do “nós contra eles”, atribuindo à elite financeira as mazelas da nação. Ele acha que foram somente os ricos que votaram no Bolsonaro, como se o Brasil tivesse 50% dos eleitores (votos recebidos pelo Bolsonaro) endinheirados. Também irresponsavelmente sugeriu uma possível revolta popular quando o “pobre, neste país, cansar de ser pobre”.

Por fim cumpre anotar que a bolsa e o dólar tem mostrado o humor dos investidores estrangeiros, variando a cada ataque que o Presidente faz ao Banco Central sobre a taxa Selic que hoje está em 13,75%.

Não sei se este valor está corretamente calibrado mas uma coisa é certa: não é com as iradas manifestações populistas do Presidente que ele será alterado.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.



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