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Opinião
Quarta - 01 de Março de 2023 às 04:56
Por: Renato de Paiva Pereira

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Há uma tradição difundida entre diversos países de que cada novo governo que se inicia tem um tempo de tolerância dos eleitores, dos políticos e da mídia de 100 dias. Neste período chamado de “lua de mel” haveria uma trégua nas cobranças e nos protestos, dando um tempo para que as equipes tomem pé da real situação do País e comecem a governar.

No caso atual, a “Lula de mel”, embora ainda esteja na metade do seu período, parece que começa a perder a doçura. A culpa, entretanto, não aparenta ser da imprensa, dos políticos ou do povo. O próprio noivo, mostra-se empenhado em azedar o mel antes de completar o tempo da complacência.

Temos a impressão de que ele está constantemente irritado, atacando sem necessidade o presidente anterior e culpando instituições como o Banco Central pelo baixo crescimento do Brasil. Ele até está perdendo a voz que resistiu bem durante a campanha, mas que agora fraqueja pelo uso forçado movido pelo destempero e irritação.

Conta uma lenda americana que um avô teria dito a seu neto que dentro dele (do avô) moravam dois lobos em constante conflito. Um deles, ele disse, era sereno, pacífico e equilibrado. O outro, iracundo, estridente e maldoso. O neto quis saber, já que ambos viviam em luta, qual dos dois lobos venceria a disputa. O ancião explicou que ganharia a disputa o que ele (o velho) decidisse alimentar.


Escutando os constantes ataques verbais do atual presidente, fico com a impressão de que ele já escolheu nutrir melhor o lobo briguento.

Na verdade, ele não abandonou totalmente o animal bom, fez sim algumas coisas louváveis: foi eficiente na questão dos Ianomâmis a quem acudiu com presteza, dando uma porção substancial de carne ao lobo do bem, mas em seguida alimentou o bicho pernicioso que vive buscando culpados para cada situação.

Também, estreitou relações abandonadas com países comercialmente interessantes para o Brasil como Argentina, Uruguai e Estados Unidos e programou viagem para nossa principal parceira comercial: no próximo mês de março visitará a China.

O lobo sagaz que preza o bom relacionamento internacional se fortalece com essa dose generosa de carne tropical. Mas, como amigo do confronto, o Presidente não abandona à mingua o animal danoso que habita seu interior. Agora mesmo, se não favoreceu, pelo menos não reprimiu as invasões de terras que o MST está realizando no Estado de São Paulo.

O lobo perverso do Lula tem algum motivo de estar forte e às vezes até sobrepondo-se ao rival, pois ele deve ter sido muito bem alimentado durante os 580 dias que o Presidente ficou preso em Curitiba, cultivando mágoas e rancores.

Mas este é um trauma que ele vai ter que superar sozinho porque se continuar nesta toada, dando metaforicamente ao lobo mau, picanha e filé todos os dias, ele (o animal) se fortalecerá tanto que ao fim vai comer o próprio Lula. Diz o ditado atribuído ao Tancredo Neves: “a esperteza quando é muita, come o dono.”

A “lula de mel” está chegando ao fim. A imprensa já está afiando as garras e os políticos preparando emboscadas, enquanto o Lula esbraveja contra inimigos imaginários.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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