A política do circo sem pão A nova "safra" de deputados federais já vem dando frutos

Caro leitor, de antemão peço desculpas por ocupar seu tempo com as linhas que se seguirão, tamanha a mediocridade do assunto. Pois bem.

A nova "safra" de deputados já vem dando frutos. Já era de se esperar que a colheita não seria das melhores, uma vez que sabíamos as sementes que haviam sido plantadas. Entretando, embora sejamos o estado do agro, não é essa a metáfora que quero usar aqui, mas a de um circo. Um show de horrores, na verdade.

Recentemente, o desesperado por atenção deputado federal Nikolas Ferreiras protagonizou, em pleno Dia Internacional das Mulheres, uma das cenas mais deprimentes que eu já vi. Vestiu uma peruca loira a frangalhos e fez um discurso tão duvidoso quanto sua inteligência. Isso é o que acontece quando só se lê um único livro na vida, se é que me entendem.

Nikolas disse que, pasmem, "mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres". O discurso estava longe de ser uma preocupação com o lugar da mulher na sociedade. Foi apenas mais um oportunismo para achincalhar as pessoas trans. Vazio de alma e conteúdo, Nikolas é apenas mais um que tenta chamar atenção de todo modo e, claro, sempre às custas das minorias. Porque a gente sabe que o valentão da escola sempre atacava os mais fracos, não é mesmo?

Na onda de Nikolas, temos nosso exemplar "é bem Mato Grosso" da espécie: Abílio Brunini. O deputado-celular, como tem sido chamado, faz de tudo para chamar atenção. Geralmente sendo sádico com grupos minoritários ou com pessoas de pensamento político e ideológico contrários a ele. Políticos como esses que mencionei, que amam fazer bullying, precisam voltar para pré-escola da política, fazerem aulas de reforço, reaprenderem a ser gente.

Vira e mexe me perguntam se já pensei em ser político. Não. Nunca me senti preparado e talvez nunca esteja. Porque tenho o maior respeito pelo ofício. Nessa hora me vem aquela máxima de que "os idiotas estão cheios de certeza e os sábios cheios de dúvidas". Não me considero sábio, tampouco idiota. Mas sei meu lugar. Sou um homem das artes, do palco, do humor.

Como humorista, preciso protestar: estamos perdendo espaço para políticos que se acham humoristas. Basta! Muda Brasil!

Eduardo Buttaka é ator e publicitário.