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Opinião
Segunda - 27 de Março de 2023 às 06:47
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Comenta-se que o governo Mauro Mendes estaria articulando um encontro em Cuiabá dos presidentes do Brasil e da Bolívia. A base da conversa entre os dois presidentes seria para se encontrar meios para terminar o asfalto entre Vila Bela e o porto de Arica no Chile, já no Pacifico. Fala-se que faltam 240 quilômetros para ser asfaltados, sendo 80 no Brasil e o restante na Bolívia. Vila Bela está a 1800 km do porto do Chile.

MT pode asfaltar esses 80 km que faltam no Brasil, o governo hoje tem recursos para isso. Os outros quilômetros é difícil acreditar que o governo boliviano tenha recursos para esse asfaltamento.

Daí talvez o encontro em Cuiabá para encontrar alternativa ou até mesmo um financiamento do Brasil, através do BNDES, para o governo boliviano concluir aqueles 160 km restantes. Se ocorrer, estaria daqui ao Pacifico asfaltado.

MT tem mais de 700 quilômetros de fronteira com a Bolívia. Através desse país, num asfalto direto, se poderia ir aos países andinos, Peru, Chile, Colômbia, Venezuela, Equador mais a Bolívia.



É difícil acreditar que vamos exportar soja em carretas passando pelos Andes

Ali, em conjunto, tem uma população de cerca de 150 milhões de habitantes e um PIB regional perto de um trilhão de dólares. Veja o tamanho do mercado que MT, com sua nascente agroindústria, poderia ter a seu alcance.

É difícil acreditar que vamos exportar soja em carretas passando pelos Andes. Foi feita essa viagem, como observação, nos governos Dante, Blairo e Taques e há uma unanimidade de opinião que é quase impossível carretas gigantes passando por estradas estreitas dos Andes.

Carretas de transportes menores, com cargas de produtos de agroindústria, são perfeitamente possíveis. E esses produtos não seriam levados somente para os países andinos, poderiam ir também, usando o porto de Arica, para a Ásia, incluindo o maior comprador do mundo hoje, a China. A distância para se chegar a Ásia diminuiria bastante se MT chegar com sua carga ao Pacifico ali no Chile.

Não é um acontecimento para amanhã de manhã, como dizia o cuiabano mais antigo. Tem que explorar o assunto, observar as possibilidades, contar com participação de governos, empresários e de estudos para ver a real possibilidade dessa saída nova.

Ainda sobre a fronteira com a Bolívia, poucos dias atrás o governo federal estava mandando Força Nacional para ajudar o trabalho do Gefron no cuidado com a fronteira entre Brasil e o país vizinho.

Outro trabalho conjunto e que o encontro em Cuiabá entre os dois presidentes, se ocorrer, poderia ser tratado também. A Bolívia sozinha não tem condições de cuidar de uma fronteira tão grande entre não só MT, mas com outros estados. O total da fronteira da Bolívia com o Brasil é de 3.400 km.

Daí a importância desse encontro em Cuiabá. Antes se ia à Bolívia conversar com presidentes de lá. Participei disso em três governos diferentes. Agora, na proposta do encontro em Cuiabá, ao invés de ir um governador ter encontro com um presidente, que se tenham os dois aqui para conversar sobre tudo que interessa aos lados.

Alfredo da Mota Menezes é analista político



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