O futuro do agro O agronegócio brasileiro tem uma vocação exportadora
O agro brasileiro tem uma vocação exportadora.
Considerando que provavelmente, em pouco mais de uma década, estaremos dobrando nossa produção de alimentos e considerando ainda, que o mercado interno já está abastecido e que essa produção adicional terá que ser exportada, urge procurar e implementar soluções ambientais, mercadológicas, e de infraestrutura de transportes, para viabilizar esse nosso potencial.
Nossas rodovias não suportarão esse adicional da produção. É urgente a necessidade de modernizar nosso sistema de transportes em todos os modais, principalmente em portos, ferrovias e hidrovias.
Somos também muito dependentes do fornecimento externo de fertilizantes. O potássio é o que mais preocupa. Temos que encontrar uma solução sustentável para explorar as imensas jazidas situadas na Amazônia, em terras indígenas. É quase uma incoerência ser o maior exportador de alimentos do mundo e permanecer nesse estado de dependência e vulnerabilidade.
Ambientalmente precisamos inverter nossa imagem de “devastadores” da Amazônia. Temos que resolver essa questão com ações governamentais mais eficientes.
Uma valorização da floresta em pé, maior que a floresta derrubada, também resolveria definitivamente a questão.
Nos demais aspectos ligados à sustentabilidade ambiental somos irrepreensíveis. Temos 67% do nosso território preservado e um Código Florestal mais rigoroso do mundo, que é aceito e aplicado pelos nossos produtores.
Dobrar a produção de alimentos não será difícil. Nossa área de pastagens cultivadas é mais do que o dobro das áreas agrícolas.
Além dos aumentos de produtividade que a pesquisa promoverá em todas as culturas está havendo uma crescente e significativa transferência de áreas de pastagens para a agricultura. Não haverá nenhuma necessidade de novos desmatamentos. A produção pecuária será compensada pelos avanços tecnológicos.
Essa condição de transferência de áreas de pastagens para a agricultura com essa extensão territorial só existe no Brasil. Esse fato, somado ao avanço tecnológico, possibilitará dobrar a produção sem nenhum desmatamento.
Temos também inimigos dentro da nossa própria trincheira. Parte da população urbana e algumas entidades, tanto por desconhecimento ou por ideologia demonizam o agro.
Chego as vezes a pensar que essa turma do contra considera o sucesso do agro quase como um delito social e ambiental.
O agro é talvez o único setor que temos tecnologia para liderar mundialmente.
Além da área ambiental e de transportes existem outros setores que nos preocupam. Temos que aumentar a nossa oferta, utilizando alta tecnologia, com custos menores que a concorrência, produzindo alimentos de qualidade, baratos e saudáveis.
Qualidade e preço, com certeza, conquistarão novos mercados.
Qual o caminho? Pesquisa, inovação, competência e ousadia, ingredientes que somos muito bons.
Conquistar novos mercados passa por ações do governo, industrias e produtores. Essa mentalidade de que o Brasil não precisa procurar novos parceiros comerciais porque os países importadores não tem outras alternativas, está furada.
Precisamos ter presença com protagonismo nos fóruns e feiras internacionais.
Esse aumento na produção de alimentos impactará na mesma proporção na nossa indústria mecânica ligada ao agro, no comércio, nos serviços, no transporte e na industrialização da produção, com imenso potencial de reduzir as desigualdades sociais.
É necessário que sejamos atrativos e confiáveis em todos os aspectos
Arno Schneider é pecuarista e diretor da Acrimat.
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