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Opinião
Sexta - 22 de Julho de 2011 às 09:39
Por: Mario Eugenio Saturno

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Em 2007, escrevi ao presidente algumas sugestões sobre o aproveitamento da energia presente no lixo urbano e industrial e que hoje está se materializando em alguns empreendimentos. Em minha carta, eu demonstrava os esforços governamentais dos Estados Unidos da América, que investia grandes somas em dinheiro. Acreditava que poderíamos ter leis de incentivo e mesmo financiamentos, entre outros, para as usinas de álcool aproveitassem seu próprio lixo. Apontei o lixo urbano, grande problema, como potencial fonte de energia, produtos e mitigação de gás carbônico.

Esperava que esse lixo virasse gasogênio, gás de síntese, hidrogênio, metanol (usado na produção de biodiesel) e diesel sintético. Minha conta era simples, cada pessoa gera aproximadamente 1 kg de lixo que pode ser transformado em energia. A agricultura gera muito resíduo vegetal. Só em São Paulo a maioria das áreas de colheita utiliza-se da queimada, 60 bilhões de kg de biomassa são desperdiçados.

Podemos ainda aplicar no lixo orgânico um processo de carbonização por pirólise e com isso reduzir os custos do transporte, estocagem e processamento. Isso pode tornar-se sequestro permanente de carbono se adicionarmos aos solos pobres. E ainda receber créditos de carbono, estimado pelo governo britânico em cem euros por tonelada. E ainda ter produtos resultantes como hidrogênio, alcatrão e ácido acético.

O governo brasileiro nem se dignou a dar-me uma resposta decente, a que deu foi por interferência do senador Suplicy. Por outro lado, a imprensa relatou dias atrás que a Dinamarca produzirá biogás e outros produtos usando como matéria prima o lixo e a indústria será tão grande que o país deverá importar lixo de outros países a partir de 2016. Isso porque a Dinamarca já processa todo o lixo que produz. A expectativa é que cada 4 kg de lixo processados na usina substituirão 1 litro de óleo para aquecimento das casas.

Em São Paulo, governo estadual iniciou, no início do ano, estudos para construir uma usina de tratamento de lixo na Baixada Santista, atingindo 13 municípios. O lixo de muitos municípios percorre até 150 km, por exemplo, o de São Sebastião é depositado em Tremembé. Nesse projeto, além de eliminar o lixo, ainda gerará eletricidade, cerca 40 megawatts (MW). Já existem 700 plantas desse tipo pelo mundo.

E a própria prefeitura de São Sebastião está tomando a iniciativa semelhante, abriu consulta pública para as empresas apresentarem uma solução e surgiu a tecnologia mecânica biológica, a mais econômica e que gera o Combustível Derivado de Resíduos (CDR). As 10 toneladas/dia de lixo da cidade transformar-se-á em combustível, o que deve gerar uma economia de R$ 1,3 milhão/ano no tratamento do lixo. Cerca de 10 empresas estão interessadas e estima-se a instalação em dois anos. O único absurdo: o que deveria ser uma Política de Estado, é feito por um prefeito.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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