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Opinião
Quarta - 20 de Julho de 2011 às 16:35
Por: Julio Serson

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É realmente espantosa a situação dos estádios e aeroportos, no que se refere à Copa do Mundo de 2014. Desde outubro de 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar a competição, pouco se realizou para promover as obras necessárias.

A menos de três anos da partida inaugural, o País ainda engatinha na agenda de planejamento e preparação do evento. A tibieza toma o lugar da determinação. Improvisações e arranjos de última hora – como no financiamento para a construção do Itaquerão, em São Paulo - chegam a levantar suspeitas e dúvidas. Conseguiremos recuperar o tempo perdido? Os recursos públicos receberão o tratamento legalmente devido? Escaparemos da ressaca financeira, como a Grécia com as Olimpíadas de 2004?
Nesse quadro de incertezas, o setor hoteleiro sente-se tranqüilo. A rede instalada vem se ampliando para acompanhar o movimento crescente de hóspedes. Algumas cidades-sede se adaptam aos novos tempos, com a reforma de estabelecimentos e o lançamento de novos empreendimentos.

Encontramos um pequeno gargalo em São Paulo. As imponentes unidades erguidas nos anos 90 não se têm mostrado suficientes. Há cerca de dois anos não se constrói nenhum grande hotel na cidade, em razão, principalmente, do prolongado aquecimento imobiliário que tornou inviáveis os preços dos terrenos nas áreas de maior interesse. Nesse contexto, o centro antigo da cidade, onde a valorização imobiliária não é tão grande, poderá se tornar uma alternativa para a expansão do parque hoteleiro local.

Belo Horizonte, ao contrário, enfrenta período de intensa agitação. Há 30 hotéis em fase de licenciamento e cerca de 10 em negociação com a Prefeitura. No total, 9.400 novos leitos deverão estar em condições de uso no prazo de três anos, acirrando a concorrência no mercado.

O Rio de Janeiro, além da Copa 2014, olha para as Olimpíadas 2016 e para o crescimento previsto nos setores naval, de petróleo e gás. Até o Mundial, devem ser inaugurados 36 hotéis no Estado (17 deles na Capital), com 7.500 novos leitos e investimentos de R$ 1,4 bilhão.

Decisões estratégicas não se pautam por momentos de pico produzidos por grandes eventos, com saltos nas taxas de ocupação. O que determina o investimento é um conjunto de dados, desde os custos da construção até o prazo e nível de retorno do capital aplicado.
         
Como fonte de recursos, o BNDES é uma opção interessante. Porém, a excessiva burocracia e a demora na liberação dos financiamentos tornam as operações desanimadoras. Felizmente, a hotelaria tem conseguido expressivos avanços graças ao espírito empreendedor da iniciativa privada.
         
Outro ponto que clama por mudança é a enorme massa de tributos e encargos trabalhistas. Precisamos criar empregos, incorporar os jovens ao mercado, e isso só se consegue com a dinamização da economia, sob menor carga tributária.
         
Temos ainda algumas deficiências de formação e manutenção de mão-de-obra, mas o setor está atento e vem adotando providências no sentido de qualificar sempre mais seus trabalhadores e lhes fornecer os estímulos indispensáveis para o prosseguimento na carreira.

Costuma-se dizer que, no Brasil, o futebol vai bem dentro do campo, mas sofre muito com algumas mazelas fora das quatro linhas do gramado. No que depender da hotelaria, a Copa do Mundo de 2014 já pode ser considerada um sucesso. A estrutura física e de pessoal deixará a melhor das impressões em todos que nos visitarem. E que, certamente encantados com as belezas do País e a hospitalidade do nosso povo, terão fortes razões para voltar depois,  num ciclo virtuoso para o nosso turismo.

*JULIO SERSON É PRESIDENTE DO GRUPO SERSON E VICE-PRESIDENTE DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DO FOHB (FÓRUM DE OPERADORES HOTELEIROS DO BRASIL), FOI PRESIDENTE DA ABIH-SP (ASS. BRASILEIRA DA IND. DE HOTEIS).



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