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Opinião
Quarta - 28 de Junho de 2023 às 04:45
Por: Adriana Costa

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Por definição, cólica menstrual ou dismenorreia é uma dor pélvica, cíclica ou recorrente, associada à menstruação. Sua prevalência estimada varia de 45% a 93% das mulheres em idade reprodutiva. As adolescentes apresentam as maiores taxas de dismenorreia.

Estima-se que 15% das adolescentes descrevem a dor como grave, impactando sua qualidade de vida. De acordo com a intensidade dos sintomas, é também uma causa importante de falta escolar ou no trabalho, e interfere nas atividades esportivas e sociais das adolescentes. Pode levar a um desempenho acadêmico pior e à má qualidade do sono, resultando em alterações de humor, como ansiedade e depressão.

A falta de informação, somado ao fato de uma crença equivocada da sociedade em que cólica menstrual é algo normal, faz com que muitas adolescentes sofram caladas por muitos anos, determinando prejuízos escolares, sociais, físicos e psíquicos.

O mais importante é saber que cólica menstrual não é normal e que sempre é possível amenizar os sintomas.

A dismenorréia pode ser :

Primária :representa a maioria dos casos de dismenorreia em adolescentes. É definida como cólicas menstruais na ausência de qualquer outra doença ou anormalidade pélvica. Representa a maioria dos casos de dismenorreia em adolescentes.

Seu início ocorre de 6 a 12 meses após a menarca (primeira menstruação). Dor de cabeça, náuseas e vômitos também podem acompanhar a dor. A dor pode irradiar para as coxas ou as costas e, em geral, apresenta-se no início do fluxo menstrual, ou um a dois dias antes da descida menstrual. Pode durar de 8 a 72 horas ou até quatro dias após a menstruação.

Secundária: refere-se à menstruação dolorosa associada a anormalidades ou doenças pélvicas, podendo atingir até 10% das adolescentes.

Deve-se suspeitar de dismenorreia secundária se a paciente relatar dismenorreia grave imediatamente após a menarca ou se houver piora progressiva, sangramento uterino anormal, dor no meio do ciclo ou acíclica, falta de resposta ao tratamento médico empírico, história familiar de endometriose, anomalia renal, outras anomalias congênitas (coluna vertebral, cardíaca ou gastrointestinal).

Endometriose representa a causa mais comum de dismenorreia secundária em adolescentes

A endometriose é um tema muito importante e frequentemente desconhecido pelos pais e principalmente pelas adolescentes.

A prevalência de endometriose entre adolescentes com sintomas de dor pélvica é alta. Dessa forma, fica ainda mais claro a importância de se trabalhar a conscientização e o conhecimento sobre esta doença em todas as idades.

A endometriose é a presença do tecido endometrial fora do útero. A camada mais interna do útero chamada endométrio é eliminada mensalmente, mas o retorno de uma pequena quantidade de sangue pelas trompas é algo muito comum e acontece em quase todas as mulheres. Nas mulheres com predisposição para endometriose, o endométrio pode se instalar em outros órgãos, como o peritônio, tubas, ovário, intestino e bexiga, determinando a endometriose.

Estudos revelam que cerca de 50% a 70% das meninas que sofrem com cólica intensa e que não apresentam melhora dos sintomas após uso de anti-inflamatórios, são diagnosticadas com endometriose e que a endometriose na adolescência pode demorar cerca de 11 a 12 anos para ser diagnosticada.

Alguns estudos realizados mostram que mais de 60% das pacientes adultas com endometriose, começaram a sentir os sintomas antes dos 20 anos.

Sintomas comuns incluem:

· cólicas menstruais dolorosas
· sangramento menstrual intenso
· períodos irregulares
· sangramento entre os períodos
· relação sexual dolorosa
· problemas digestivos, como náusea, constipação ou diarreia
· dor ao urinar e evacuar

Para o diagnóstico da endometriose, história clínica e exame físico são importantes. Exames de imagens, como ultrassonografia ou ressonância magnética, podem ajudar a identificar quaisquer anormalidades nos órgãos uterinos ou pélvicos. Laparoscopia deve ser considerada quando não houver etiologia identificada e falha do tratamento com medicações de primeira linha.

Diante de número tão alto de endometriose em jovens, é fundamental que os pais ou seus responsáveis fiquem atentos aos sinais que podem indicar a doença e que procurem um médico ginecologista. Dessa forma, por meio de exames ele pode diagnosticar a doença e iniciar o tratamento o mais precocemente possível.

Quanto antes for realizado o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar complicações no futuro. Por isso é importante ressaltar que o diagnóstico precoce da endometriose na adolescência, é o caminho para garantir a qualidade de vida dessas meninas e preservar sua fertilidade.

Dra. Adriana Costa é médica radiologista, especialista em radiologia pediátrica, integra as equipes do Hospital do Câncer, Instituto de Diagnóstico Avançado por Imagem (Idapi) e Cadim



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