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Opinião
Sexta - 14 de Julho de 2023 às 04:34
Por: Renato Gomes Nery

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A vida é uma serie infinda de expectativas que planejamos, criamos e alimentamos. Fazemos planos certos, errados ou equivocados. Alguns podem, com grandes dificuldades, ser mudados lá na frente e outros não.

Eu ousaria dizer que vida é uma encruzilhada de onde demanda diversos caminhos. Quando escolhemos um e o percorremos dificilmente podemos voltar atrás para percorrer outro, o que me obriga a afirmar que somente temos um caminho, pois ao escolhê-lo ficamos prisioneiros da opção que fizemos.

Tem um adágio popular que afirma: Deus dá risadas enquanto fazemos planos, pois os desígnios da vida estão com ele e não conosco.

O grave de tudo isto, a se acreditar no adágio acima, é que somos uma marionete nas mãos do Criador. O livre arbítrio de nada serve, a não ser para nos fazer crer que somos donos do nosso destino.


Que bom seria se fôssemos donos do nosso destino! John Grisham, no livro a Lista do Juiz – Editora Arqueiro – que li recentemente, elogia a possibilidade do autor que pode fazer o que quiser com os seus personagens, podendo, inclusive, trazê-los de volta em outro livro. Esta é uma prática recorrente, nas diversas temporadas de séries de televisão.

Enfim, o criador pode fazer o que quiser com a sua criatura.

Não tenho a pretensão de discutir com Deus as suas opções, mas ele tinha o mundo inteiro de opção para me jogar, mas não o fez, pois nasci um rebento feio como Macunaíma, com outras pequenas qualidades, no Alto Coité-MT.

A respeito desta questão vamos ao gênio de Chico Buarque, no samba Partido Alto, onde retrata com maestria, esta estranha condição:

Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria nasci batuqueiro (brasileiro)*
Eu sou do Rio de Janeiro.

Você, meu caro leitor, que não pode e nem quer, como eu, mudar o seu local de nascimento, só nos resta conformar com a nossa sina, pois tem lugares muitos piores para nascer, como nos locais de conflitos, como, hoje, a Ucrânia, onde a única opção é tentar sobreviver. E nós somos, antes de tudo, uns fortes, plagiando Euclides de Cunha.

E a nossa teimosia de retirantes, como a dos judeus, vai nos fazer sobreviver sempre, pois somos mestres na arte de superar adversidade: a resiliência.

Ressalvadas as condições da existência das quais não podemos afastar, conforme relatamos acima, nos restam as condições materiais da sobrevivência contra as quais sempre lutamos e temos que continuar a fazê-lo, mesmo porque já esteve pior e, certamente, vai melhorar, pois a luta, sem tréguas, prosseguirá já que, como fortes, não desistimos nunca.

Renato Gomes Nery é advogado.



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