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Opinião
Quarta - 23 de Agosto de 2023 às 11:08
Por: Francisney Liberato

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Já falamos um pouco sobre o ex-técnico do Flamengo Jorge Jesus que foi extremamente exigente e conquistou muitos títulos para o clube carioca, dentre os quais: Libertadores de 2019, Campeonato Brasileiro de 2019, Supercopa do Brasil de 2020, Recopa Sul-Americana de 2020 e Campeonato Carioca de 2020.

Outra característica marcante do técnico português era a forma como ele se expressava com a equipe técnica e os seus jogadores.

Jorge Jesus reclamava, brigava, discursava, xingava, debatia acintosamente com todos, independentemente de estar diante das câmeras em uma partida de futebol.

O site “Gazeta Esportiva”, em 2019, expôs um desses episódios:


“Durante o jogo contra o Internacional, o lateral-direito tentou conversar com Guerrero após o atacante ser expulso, mas a atitude não agradou o treinador. Sobre o ocorrido, Rafinha afirmou: ‘É normal, a gente já tem um tempinho de estrada, já são quase 17 anos de profissional, a gente sabe e escuta muita coisa. O Mister tem o pensamento dele, nós temos os nossos e eu tenho os meus. Então, às vezes, uma informaçãozinha ou outra não bate, uma palavra indelicada, mas faz parte, isso é bom, e temos o total respeito por ele, é o nosso treinador. Estamos buscando o melhor para o Flamengo, tudo isso fica no campo’”.

Em outro momento, o site “Esporte Interativo” destaca a briga dele com um jogador adversário: “O Flamengo venceu o Botafogo por 1×0 em uma partida marcada por muitos atritos e jogadas violentas. Após o apito final do árbitro, o técnico rubro-negro Jorge Jesus e o zagueiro alvinegro Joel Carli discutiram asperamente e tiveram que ser separados por outros jogadores e membros das comissões técnicas. Na entrevista coletiva, ao ser perguntado sobre o ocorrido, o Mister justificou: ‘O que eu falei para o jogador do Botafogo (Joel Carli) foi que não valeu a pena bater tanto. Acabastes perdendo do mesmo jeito’”.

Aqui vale a pena aprendermos um princípio relevante para a liderança: tenha cuidado ao chamar atenção dos seus liderados. A verdade é que nenhum ser humano aprecia ser chamado à atenção por outro indivíduo, sobretudo pelo seu líder.

Se for necessário chamar a atenção do seu liderado, não hesite de fazer. É claro que isso causa um desgaste emocional e do relacionamento, entretanto, como líder não podemos nos furtar a essa demanda.

Sei também que o mundo está cheio de pessoas que só vivem para criticar, e que muitos de nós estamos estressados com o excesso de cobranças e correções. Contudo, precisamos chamar a atenção dos nossos liderados com amor, com intuito de melhoria e visando à saúde produtiva da instituição.

É basilar que o colaborador tenha humildade para receber as ordens, as chamadas de atenção, saiba ouvir e busque uma melhoria contínua para sua vida.

Se quisermos crescer como ser humano é indispensável que tenhamos alguém para nos ajudar, corrigir e nos conduzir rumo à excelência.

Mario Sergio Cortella que é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro, tem uma frase pertinente sobre o momento que devemos chamar a atenção ou corrigir os nossos liderados; assim ele define: “Elogie em público e corrija em particular. Um sábio orienta sem ofender, e ensina sem humilhar”.

Creio que Jorge Jesus não seguia o pensamento do Cortella. Mas nós podemos fazer de forma condizente com a opinião do Mario Sergio Cortella, ou seja, elogiar em público, com muita cautela e se for indispensável, e chamar a atenção, corrigir, dar feedback a sós e em particular.

O feedback é uma oportunidade de melhoria que deve ser dito ao colaborador em particular, visando evitar constrangimento desnecessário, conforme reafirmado pelo italiano Leonardo da Vinci, que foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico: “Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público”.

O líder deve deixar evidente que almeja ver uma mudança de postura positiva na vida do colaborador e que não tem a intenção de valer-se de sua posição superior para mostrar “quem é que manda”.

É necessário ter muita prudência, paciência, estratégia, planejamento, emoção equilibrada e outras qualidades, para se ter um bom diálogo com o seu colaborador. Acima disso, com ética, respeito e confiança, é possível corrigir para crescer.

Francisney Liberato é auditor do Tribunal de Contas.



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