Quem pode acusar? Encontramos mais pessoas apontando o dedo do que dispostas a nos ajudar
Você já parou para pensar que ao nosso redor, infelizmente, encontramos mais pessoas apontando o dedo para nós, tentando encontrar falhas sobre nós, inventando mentiras a nosso respeito, do que pessoas dispostas a nos ajudar e/ou apontar alguma qualidade nossa? Os seres humanos são assim, infelizmente.
Têm indivíduos que se colocam acima ou no mesmo nível da lei, como se fossem guardiões dela. É muito fácil se colocar na posição de acusador e querer decidir a vida das pessoas.
Se até no sistema jurídico brasileiro existe a separação entre o órgão acusador e o poder julgador, por que na vida pessoal deve ser diferente? Existe uma razão para que haja a separação entre essas funções, que é a de preservar a independência técnica e a imparcialidade, para termos a aplicação da justiça corretamente.
No texto da reflexão, nos referimos à história de uma mulher apanhada em adultério, registrada no livro de João capítulo 8.
A audácia daqueles homens era tão grande que o texto cita que eles, ao levarem a mulher, interromperam a aula que estava sendo ministrada por Jesus Cristo: “De madrugada ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta Dele. Jesus estava sentado, ensinando a todos”.
Esses mestres da lei eram tão inconvenientes; eles não respeitavam nem a Jesus Cristo e nem o consideravam como o Messias. Estavam sempre à procura de alguma prova para condená-lo e matá-lo.
Aqui vai uma grande lição para nós a respeito do tipo de pessoa que age de forma sorrateira: nem sempre os que estão próximos a nós ou aqueles que nos confidenciam as suas vidas são pessoas confiáveis. Às vezes, estão mais preocupados em captar informações e levar a mensagem distorcida para os outros, ou seja, manchar a nossa reputação.
Observe bem a artimanha daqueles homens que não respeitavam Jesus Cristo; eles queriam acabar com a vida dEle. Eram homens que se achavam especiais ou mais santos do que os demais daquela época; os “observadores e cuidadores da lei”.
Quando as pessoas dizem que estão no mesmo nível ou acima da lei, ocorre o que aconteceu com aqueles homens, que estavam tão cegos e fanáticos que nem respeitaram e muito menos reconheceram o verdadeiro salvador deste mundo.
Geralmente, no caso de quem aprecia acusar, criticar e julgar o outro, é comum que o problema esteja com ele e não com a outra pessoa. Mas, por não conseguir dominar a sua vida, é preferível transferir esse encargo ao próximo.
Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.
Na história, é evidente que a mulher cometeu ato de adultério, que é contrário à lei moral. Na época ela deveria ser condenada. Porém, Jesus mostrou àqueles homens que a mulher não cometeu adultério sozinha e que teve a participação de pelo menos um homem.
Perceba que tínhamos um grupo de homens que queriam apenas acusar e condenar aquela mulher, e, ao mesmo tempo, condenar a Cristo. Ainda bem que o Mestre os chamou para uma reflexão de suas vidas, para entender que o pecado ocorrido tivera a participação de um homem, que também era pecador igualmente à mulher. Na época, a sociedade era extremamente machista.
Além de tudo isso, é impossível não imaginar o constrangimento que aquela mulher sofreu em meio à multidão, diante dos professores da lei, da sociedade de modo geral, de seus conhecidos e dos seus amigos. Ela foi exposta e humilhada.
Jamais devemos ter a mesma atitude daqueles homens. Se há pecado, falhas e a quebra da lei, que o caso seja conduzido de forma sigilosa, discreta e respeitosa por quem cabe julgar.
Que bom é saber que existe um Deus que pode nos dar um novo sentido à vida. Que bom saber que somente Ele pode nos acusar e condenar. Nem mesmo nós devemos nos autocondenar e ter sentimento de culpa, pois isso destrói a nossa paz. Que possamos entregar as nossas vidas nas mãos daquEle que tudo pode e que tudo faz para nos salvar.
Francisney Liberato é auditor do Tribunal de Contas.
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