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Opinião
Sexta - 29 de Setembro de 2023 às 04:18
Por: Alan Barros

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A cada ano, quando setembro se aproxima, vemos um cenário familiar se desenhar: as redes sociais e as empresas se tingem de amarelo, balões amarelos são inflados, lacinhos amarelos enfeitam suas estruturas, os chocolates amarelos ganham destaque nas prateleiras, as redes sociais se enchem de posts amarelos e mensagens de motivação. Tudo isso faz parte da campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa global de conscientização sobre a prevenção do suicídio e principalmente sobre a importância da Vida.

Contudo, é importante destacar que essa mobilização é importante antes, durante e depois do mês de setembro. Afinal de contas, de nada adianta investir em um gesto de prevenção à vida se essa preocupação não é genuína e continua.

Estou me dedicando ao tema Saúde Mental há alguns anos e consegui perceber dois tipos de empresas. Aquelas que se programam para o setembro e também para o resto do ano com ações voltadas à saúde mental dos colaboradores e aquelas que parecem estar cumprindo uma tabela do calendário de eventos.

Decorar de amarelo e adicionar símbolos não basta para enfrentar um fenômeno tão complexo quanto a saúde mental e o suicídio. É comum notar uma psicofobia "velada", onde, apesar de todas as manifestações públicas de apoio, existe uma falta de compreensão e empatia real em relação às pessoas que enfrentam problemas de saúde mental. Colaboradores que apresentam sintomas depressivos ou ansiosos e sofrem em silêncio, com receio de serem estigmatizados, ignorados e quem sabe até demitidos pelo fato da diretoria achar que um “depressivo” não é produtivo.

A sociedade e as empresas precisam se esforçar mais para criar ambientes acolhedores e compreensivos e com uma empatia de fato verdadeira. É fundamental entender que nenhuma campanha pode eliminar completamente o suicídio, uma questão complexa enraizada em inúmeros fatores, que vão além dos transtornos mentais. No entanto, o verdadeiro propósito do Setembro Amarelo é conscientizar, educar e fornecer recursos para prevenir o suicídio, além de apoiar aqueles que estão lutando contra a dor emocional.

Sendo assim, quero aqui reafirmar que a campanha não se resume a um único mês de atividades, deve ser parte de um esforço contínuo para melhorar a saúde mental em nossa sociedade. Isso implica em fornecer acesso a tratamentos adequados, promover conversas abertas e reduzir o estigma que a envolve o tema.

Concordar que a campanha Setembro Amarelo não é suficiente é um primeiro passo importante. Entretanto, as empresas devem criar uma cultura da saúde mental corporativa, investir em programas de saúde mental no local de trabalho, fornecer treinamento para gestores identificarem sinais de angústia emocional e criar uma rede de apoio e compreensão acessível a quem precisar.

*** Alan Barros é palestrante, empreendedor social, promotor de eventos com foco na saúde mental, escritor e iniciou sua jornada na luta contra a depressão e ansiedade há mais de 25 anos. Ele é autor do livro “Tenho Depressão". E agora?”, fundador do grupo de apoio #Fale e autor da peça teatral Tô Off, que teve como espectadores mais de 800 estudantes da rede pública de Cuiabá e Várzea Grande.



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