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Opinião
Domingo - 01 de Outubro de 2023 às 06:56
Por: Gabriel Novis Neves

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Tenho verdadeiro horror em cometer injustiça e, apesar da minha atenção ao escrever - sempre econômico em citar nomes de pessoas -, às vezes derrapo nas amarguras do esquecimento.

Só reparo a falta cometida após a publicação do texto quando não há como corrigí-la.

Tenho uma boa memória do passado, confio nela, mas, de vez em quando caio em suas armadilhas, o que me deixa aborrecido.

É provável que os leitores nem percebam, mas eu fico com o meu dia em pandarecos.


Para evitar que isso aconteça ainda hoje, aprendi em 1968, quando secretário de Educação e Cultura do Estado - à época não dividido -, comparecendo em inúmeras colações de grau, do antigo curso primário, ginasial e científico.

Nunca dei importância demasiada a estatística, diferente do meu irmão Pedro

Nem ousei registrar a quantas compareci, nem mesmo sei o número de partos que realizei até a minha aposentadoria de médico parteiro.

Nunca dei importância demasiada a estatística, diferente do meu irmão Pedro, economista e professor universitário de estatística.

Roberto Campos, grande fazedor de frases, bem definiu estatística, assemelhado-a ao biquíni: mostra tudo, mas esconde o essencial!

O cerimonial da festa de colação de grau me antecipava a lista das autoridades presentes para que eu não esquecesse de citá-las no momento oportuno.

Naquela época, que já vai distante, todo mundo era autoridade nas cidades: depois da fala do orador da turma, a palavra era disponibilizada a todos os presentes.

Para meu desespero, muitos se valiam desse direito concedido, e os discursos terminavam com o horário avançado, noite adentro.

Todos os moradores das cidades e curruptelas compareciam a essas festas escolares.

Na universidade, na qualidade de reitor, outro problema havia para ser resolvido.

Eram tantas as autoridades presentes, sem condições de participar da mesa principal! Isso abria margem ao desprestígio para aqueles que ficavam sentados na primeira fileira dos auditórios da colação de grau.

A solução encontrada foi criar uma pequena arquibancada de madeira, hábil a alojar todas as autoridades presentes.

E uma pequena mesa forrada de branco, para os funcionários desse ato universitário.

Na mesa de trabalho acadêmico, ficavam o reitor, dois vice-reitores e o auditor - geral.

No discurso obrigatório do reitor, todos eram referenciados sem citar nomes: autoridades presentes, senhoras, senhores.

Nunca mais tive problemas com citações de nomes e assento à mesa do reitor.

A mesma economia de citar nomes, eu a trouxe para meus textos.

E quando esqueço, me 'trumbico', com a sensação de ter cometido injustiças.

Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT



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