Pare o mundo que eu quero descer.... A vida tornou-se um peso, um peso pesado como se diz nas lutas de boxes
A vida tornou-se um peso, um peso pesado como se diz nas lutas de boxes. As pessoas estão sempre reclamando e insatisfeitas, por mais êxito que tiveram.
É normal ouvir: preciso descansar, preciso de férias. Reclamam do trabalho, reclamam dos filhos, reclamam da família e dos amigos. Da chuva e do sol, do calor e do frio. Da mulher, do marido e do casamento.
Da solidão e da vida a dois. Do dia porque é claro e da noite porque é escura. Do pai porque é severo e da mãe porque é preocupada. Do mundo que deveria ser um paraíso...
Reclamam, com razão, de ter nascido na pobreza porque é penosa e na opulência porque é tediosa. Enfim, pare o mundo que eu quero descer!
A impressão é que um cansaço generalizado tomou conta do mundo e a vida tornou-se um fardo insuportável. Apesar de se ter a opção de acabar com ela, poucos põem o pescoço na guilhotina. É preciso sofrer!
O masoquismo fez morada e tomou conta de todos, com as exceções devidas, sem perdão e sem remissão! A depressão é um fantasma que assombra um número cada vez maior de pessoas. O bonde foi perdido e parece que não volta a passar!
Eis a encruzilhada: onde ficou o otimismo da vida era uma dádiva! O pessimismo “sentou praça”, tornando a existência um caminhão a reboque.
Exageros, eu acho que é, pois, a rigor, costumo
ampliar os sintomas e os problemas, mas mesmo sem lentes de aumento, eles estão aí a desafiar a todos. Um mundo cansado, onde existe uma manifesta saturação de tudo e de todos.
Conflitos familiares, sociais, ideológicos, privados, públicos, nacionais e, sobretudo, internacionais graves que urgem sejam debelados, mas estão sendo deliberadamente ampliados, colocando o planeta na beira de um precipício.
Enfim, o mundo está ficando inóspito. Não sei se é a saturação da existência que se tornou conflituosa num mundo superpovoado, com equilíbrio cada vez mais tênue, onde os espaços estão cada vez menores para as novas gerações, mais exigentes e mais cheias de direitos ou se são reflexos das trombetas que anunciam algo visível no horizonte, com as severas contendas que se ampliam e prenunciam uma eminente da catástrofe.
O certo é que algo está no ar! Não creio que eu esteja enganado, pois não se pode negar a sintomatologia, acima descrita, e nem fingir que algo não esteja fora dos conformes. Apesar de não ser uma Pitonisa, não posso negar que os fatos estão aí a desafiar a normalidade, a coerência e a lógica.
Espero sinceramente que não estejamos perdendo a direção e o prumo, sendo estas indicações apenas uma cruel provação, e depois dela venha a luz e a ordem.
Renato Gomes Nery é advogado.
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