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Opinião
Sábado - 17 de Fevereiro de 2024 às 00:30
Por: Renato de Paiva Pereira

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Estamos em março de 2050. Uma reunião da Comunidade Europeia discute problemas ambientais, mercado da carne, soja e milho, buscando uma forma de aumentar a pressão sobre os responsáveis pelas exportações no Brasil.

Após dias de debates, decidem que é inevitável mandar uma comissão para cá com a missão de resolver os problemas ambientais que travam a livre comercialização de alimentos.


Antes que essa missão chegue aqui no país, é bom rememorar as profundas modificações que ocorreram no mundo nos últimos 40/50 anos.

A China está com 2 bilhões de pessoas. Com o crescimento médio de 6% a 7% ao ano mantido desde o ano 2000, atingiu um padrão de consumo muito perto do americano.

A Índia também cresceu muito. A população também beira os 2 bilhões. Embora não consuma tanto quanto a China, já supera a média da comunidade europeia.

Esse aumento grandioso na população e do padrão de gastos desses dois países deslocou o centro de importância do mundo para a Ásia.

Para garantir a alimentação de tanta gente foram feitos diversos acordos com países produtores, intensificando a compra de grãos e carnes em quantias nunca imaginadas.

O Brasil neste período dobrou a produção agropecuária e mantém uma relação harmoniosa com a Ásia. A renda per-capta local já superou a dos europeus e uma onda de progresso invade o país: são ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos e tecnologia ultramoderna na produção agrícola.

Em julho do mesmo ano de 2050 a comissão referida no primeiro parágrafo, depois de muita conversa diplomática, consegue enfim um espaço na agenda do Ministro das Relações Exteriores Brasileiro.

Ao contrário dos anfitriões, os visitantes estão ansiosos e apressados. Sem rodeios, adiantam que precisam comprar urgentemente grãos e carnes e que não estão preocupados com o preço.

Os negociadores brasileiros resistem. Em 2048 o país decidira que só venderia alimentos para a Europa se ela repusesse as reservas florestais nativas, além, claro, de manter áreas de preservação permanente nas encostas dos morros, margens de córregos, rios e lagos.

Os visitantes estão apavorados. Falam ao mesmo tempo, alguns em português, outros em inglês, estes se desculpando por não saber nossa língua. Garantem que os parlamentos de lá estão dispostos a aprovar leis nesse sentido, imediatamente.

A condição, diz nosso negociador, é que aprovem e implementem integralmente o Código Florestal Brasileiro que vocês nos impingiram em 2012, estimulando e financiando o Green Peace e ambientalistas fanáticos para palpitarem em nossa soberania.

Os europeus pareciam satisfeitos com o desenlace da conversa e prometeram voltar em 100 dias com as leis ambientais aprovadas pelos diversos países que compõem a comunidade.

Mas foi um balde de água na fervura quando o Ministro brasileiro disse que retomaria, sim, o comércio entre as partes, mas a primeira venda seria a consultoria da nossa ONG Verde Paz, que acompanharia a implantação do Código Florestal Brasileiro em toda a Europa. Só depois, satisfeita essa primeira etapa, seria autorizada a exportação de carnes e grãos.

Renato de Paiva Pereira é empresário em Cuiabá



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