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Opinião
Segunda - 20 de Junho de 2011 às 13:39
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Venho de um tempo em que homem era homem e mulher, mulher. Sabía-se da existência dos “homo”, mas eram tão discriminados e, por isso, se escondiam ao máximo. Maconha era a desgraça das desgraças e o álcool, embora permitido, era reprovado quando em excesso. O cigarro, esse pestilento vilão de hoje, era sinônimo de virilidade, sucesso e integração social. As figuras de sucesso – com raríssimas exceções – sempre apareciam fumando e conquistando o mundo, vencendo no amor e nos esportes. desfrutando de barcos, automóveis e outras benesses instituídas e promovidas pela sociedade de consumo.
 
Para quem viveu naqueles tempos, por vezes discordando dos rigores de então, é difícil assistir com tranquilidade as manifestações que hoje se apresentam. Os homossexuais, além de aceitos, conquistaram a união estável, mas exigem o casamento. Poderiam se contentar com não serem discriminados ou perseguidos como antigamente. Os consumidores de maconha, que já não são punidos, lutam pela descriminalização da erva. Como fumar já não é crime, vão favorecer ao traficante que, a partir de então, poderá se transformar em comerciante regular. Faz-se passeata e marcha para incentivar o consumo do álcool, como se a própria sociedade permissiva já não o fizesse. Também vemos a “Marcha das Vagabundas” e tantas outras coisas que até bem pouco tempo os praticantes, em vez de divulgar, faziam questão de esconder.
 
Ninguém pode ignorar que a sociedade de hoje é o fruto da organização e do trabalho das gerações anteriores. A evolução também não pode ser ignorada. Mas, no afã de conseguir seus objetivos, indivíduos ou grupos adotam posições de extrema vanguarda que acabam por lhes trazer problemas de aceitação. Esticam tanto a corda que acabam por arrebentá-la, quando o ideal seria que conseguissem o seu espaço pela aceitação, sem traumas e nem rupturas.
 
O Brasil viveu décadas de anticomunismo ferrenho. Um tempo em que a perseguição cega à esquerdas chegou a criar o caldo de cultura favorável à ação dos  dedo-duros e outros canalhas de então, que acusavam falsamente seus desafetos, mesmo aqueles que nada tinham a ver com ideologia. Isso, felizmente acabou, mas à custa de muito sofrimento. Hoje, apesar de resistências e intolerâncias, o conflito direita-esquerda é questão superada. Não temos mais “criminosos ideológicos”.
 
As minorias que hoje recorrem às “marchas”  - foram mais de 40 no final de semana -  precisam ter mais cautela. O ativismo radical dificilmente levará a um porto seguro. É certo que, num regime democrático como o do Brasil atual, todos os segmentos têm o direito de se manifestar. Mas tudo tem um limite. Jamais um “casal” homossexual será geneticamente igual a um casal de homem e mulher. Consumir maconha, mesmo de forma legalizada, sempre será consumir maconha. Quanto às “vagabundas”, dificilmente se transformarão em outra coisa. Cautela é bom e só pode fazer bem...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br                            



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