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Opinião
Domingo - 07 de Abril de 2024 às 00:12
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Em 31 de março de 2024 fez 60 anos da tomada do poder pelos militares no Brasil em 1964. A ditadura militar durou 21 anos, até 1985.

Defendo que parte da culpa pelo que ocorreu pode ser creditada a Jânio Quadros. Ele ganhou a eleição para presidente em 1960, numa disputa contra um general do Exército, Henrique Teixeira Lott. Antes de chegar a isso, Jânio fora governador de São Paulo. Um fenômeno eleitoral. Ganhou a eleição para presidente com apoio na UDN.

O sujeito, não tem outro termo, não aguentou nem o período de um parto no mandato e deixou o governo e fugiu para a Europa. Foi a Santos, pegou o primeiro navio estrangeiro de carga e embarcou para fora do país. Deixou um problemão para trás.

O vice-presidente era João Goulart. Naquela época a lei eleitoral permitia que o vice-presidente fosse eleito não junto com um presidente. Votava-se em um e no outro separadamente. Mais uma invenção da legislação eleitoral do país. Goulart não tinha afinidade nenhuma com o fujão e suas ideias. Um era da UDN, o outro do PTB getulista.


Quase que Goulart não assume. Estava numa viagem ao exterior quando o Jânio renuncia e nos quarteis já se levantavam murmúrios sobre sua posse. Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, cunhado de Goulart, levantou a voz e Goulart entrou no Brasil pelo Uruguai. Tomou posse. Tudo isso em 1961.

Goulart tinha sido Ministro do Trabalho no governo eleito de Getúlio Vargas. Não esquecer que este mandatário foi ditador de 1930 a 1945. Voltou à presidência, por eleição, em 1950. Deixou o governo antes de terminar o mandato, assumiu o vice, Café Filho.

Veio nova eleição, foi eleito Juscelino Kubistchek, ex-governador de Minas. Fez bom governo. Jânio, seu sucessor, é que atrapalhou o fortalecimento da democracia naquele momento. Se ficasse no governo até o fim, JK seria reeleito e o Brasil não teria regime militar.

Volta-se a Goulart. Os militares temiam que ele fosse para a esquerda e, sem muita delonga, tomaram o poder em 31 de março de 1964.

Um detalhe a mais nesse assunto. Foi 31 de março ou primeiro de abril a tomada do poder? A movimentação maior dos militares foi no dia 1 de abril. É que um general, Olímpio Mourão, comandante de força militar em Minas, começou antes o movimento, em 31 de março, e para a história ficou essa data e não o dia da mentira.

Não se pode esquecer que os EUA estiveram por trás desse golpe de estado, aqui e em quase toda a América Latina. Momento da Guerra Fria e os americanos não queriam outra Cuba naquilo que eles chamam de seu quintal. A história prova com documentos a atuação dos norte-americanos em apoio às ditaduras na região.

A ditadura já fazia estragos institucionais no país, mas a partir de 1968, com o Ato Institucional número cinco de dezembro daquele ano, aumentou sua brutalidade contra tudo e todos: censura pesada à imprensa, acabaram com os partidos políticos tradicionais, aumentaram as prisões e torturas. Todo o arsenal próprio de uma ditadura.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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