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Opinião
Segunda - 08 de Abril de 2024 às 00:14
Por: Luiz Henrique Lima

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‘O Pequeno Príncipe’ foi um livro de grande sucesso internacional no século passado e até hoje a obra de Saint-Exupéry é constantemente reeditada em vários idiomas. Uma de suas mais tocantes passagens trata da amizade entre uma raposa e o pequeno príncipe, exilado num minúsculo planeta deserto e isolado.

Recentemente, convidado a ministrar na Assembleia Legislativa gaúcha uma palestra sobre as inovações presentes na Nova Lei de Licitações - NLL, recordei-me de um dos diálogos entre o príncipe e a raposa.

“- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.”


O essencial é invisível para os olhos.

Essa mensagem da raposa pode ser aplicada em múltiplas situações de nossas vidas. Não apenas nos relacionamentos pessoais, mas também nos profissionais e acadêmicos, a raposa nos convoca a enxergar além das aparências e a não julgar, reagir e se posicionar somente diante do que observamos na superfície.

Quando a raposa assevera que “só se vê bem com o coração”, não está, como desdenharam alguns esnobes apressados, apelando para o sentimentalismo. Nada disso. A raposa nos convida a desenvolver a inteligência emocional e a empregar os recursos do córtex pré-frontal.

Ultrapassando a mera experiência sensorial, com todos os vieses, heurísticas e reações automáticas do sistema límbico, a raposa nos conduz a, simultaneamente, exercer a compaixão e o pensamento crítico.

Quando somos sufocados pelo acúmulo de dados desestruturados ou bombardeados por desinformações, muitas vezes contraditórias e inúteis, o que os olhos veem é enganoso e pode conduzir a resultados desastrosas. Pode ser recomendável fechá-los e buscar inspiração em valores mais profundos e perenes.

Na mesa de um conselho de administração, por exemplo, a tomada de decisões estratégicas exige bem mais que a análise quantitativa de balanços e projeções. Na evolução do conhecimento, a simples observação da realidade visível não teria possibilitado as revoluções científicas e tecnológicas. E assim por diante.

No caso daquela minha palestra, enfatizei que, até então, todas as análises sobre a NLL destacavam as novas modalidades de licitação, hipóteses de dispensa, prazos, sanções etc., mas que havia na norma todo um conteúdo a ser descoberto, “visível apenas ao coração”: sustentabilidade, acessibilidade, inovação, mecanismos de governo digital, proteção de vítimas de violência doméstica, valorização do controle interno, entre outros temas relevantes.

Foi o segredo que aprendi com a raposa e que procuro sempre aplicar: só se vê bem com o coração.

Luiz Henrique Lima é conselheiro certificado, professor e escritor.



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