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Opinião
Sexta - 19 de Abril de 2024 às 00:20
Por: Renato Gomes Nery

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Eu já afirmei em outro texto, nesta coluna, que o tempo não passa por ser eterno e imutável. Quem passa somos nós, que temos prazo de validade. O dia e a noite se repetem indefinidamente. Entretanto, é comum a expressão que “o tempo passou”.

Eu encontrei e reconheci uma pessoa que eu não a via há mais de cinco décadas. Cheguei à conclusão de que a memória é um prodígio. Por mais que se fale das excelências da memória digital ou artificial, eu não creio que o homem será capaz de inventar alguma coisa que se iguale ou supere a memória humana.

Passei pelo horror da ausência de memória, em alguns momentos, em virtude da COVID e nunca tinha sentido um mal-estar maior do que o vácuo provocado pela perda da noção da existência.

É como uma negação de tudo o que somos e fomos. Sem a memória somos um objeto qualquer inanimado. A memória é etérea e impalpável, como é que pode ser inventada e ampliada por meios artificiais, sem o toque poderoso da natureza que concebe a vida! São divagações de um ignorante, como o meu pai - que não concebia a pesagem sem uma balança – leu em algum lugar que a terra tinha sido pesada e fez a seguinte indagação: quem inventou a balança e pesou a terra?


É voz corrente de que aqueles exercitam a memória não a perdem facilmente e, nessa lista, estão os professores, escritores, atores, jornalistas etc. O alzhiemer (alzaime) passa longe daqueles que exercem atividades em que a memória é essencial para o desempenho desses afazeres. Ela é tão poderosa que aqueles acometidos pela referida doença, perdem as lembranças recentes, mas permanece armazenado, no cérebro, o que aconteceu antes, que é repetido igual a um disco furado.

Não sei se estou enganado, mas me parece que o mal do alzheimer tem aumentado, pois tenho sido informado que alguns amigos e conhecidos estão sendo vítimas deste flagelo. O que é lastimável, pois nós somos a nossa memória. Sem ela o olvido e a escuridão sentam praça.

Portanto, o tempo passa ou nós passamos por ele. Chega-se, um momento da existência em que somos acometidos pelas doenças de se viver além da conta imposta pela natureza e, uma delas é o esquecimento devido à memória envelhecida. E é aí que se precisa de cuidados para manter o que restou, pois o que se perdeu não pode ser mais resgatado. Enfim, são as contingências da vida. Não se passa por esse torrão impunimente. Se la vie!

Agradeço aos amigos que se preocupam com a minha saúde, principalmente quando discorro sobre doenças, exames e tratamentos, mas eu não posso deixar de me preocupar com o que acontece em meu entorno. Ressalto, que não tenho alzheimer e, se tivesse, não estaria incomodando os meus leitores com estes insistentes textos semanais.

Segundo informações especializadas, a memória humana é pequena se comparada a memória digital, o que é espantoso! Ela, como tudo, pode ser usado para o bem e para o mal. Já pensou isto nas mãos de algumas lideranças celeradas que permeia o mundo hoje? Que Deus nos proteja!

Renato Gomes Nery é advogado.



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