O rádio ainda está vivo? Instrumento de comunicação possui uma abrangência ampla, é gratuito e oferece uma gama de opções
Atualmente, ainda é considerável o número de pessoas que “surfam” nas ondas do rádio pelo país. Aquilo que era tido como um instrumento de comunicação com “dias contados” com a chegada massiva da internet e da rede celular, se mantém perdurando com um papel interessante e até primordial em alguns casos.
No dia a dia, é comum observarmos motoristas se orientando em relação ao trânsito em seus veículos a partir das reportagens das emissoras, que trazem em tempo real a movimentação das vias públicas, principalmente nos grandes centros.
Além de se colocar como um meio de distração e entretenimento pelos ouvintes, o rádio se mantém como um grande instrumento comunicacional que dinamiza o cotidiano de muita gente que possui no rádio um grande aliado logístico no cotidiano.
No passado, o rádio possuía abrangência maior de público, visto que ainda não possuíamos a tecnologia da internet presente como hoje, e dessa forma, era algo muito mais presente em lares e estabelecimentos comerciais.
Porém, com o avanço da internet bem como das novidades no contexto musical, tais como sites, streamings, e formatos variados de arquivos musicais, muitas pessoas foram deixando de lado o hábito de ouvir rádio, principalmente entre o público mais jovem, que possui uma infinidade de opções ao poder ouvir aquele artista preferido.
Porém, podemos salientar que o famoso radinho de pilha, foi um grande precursor para o mercado musical, onde era visto até como uma espécie de “termômetro” para acompanhar a tendência musical e a preferência dos ouvintes.
Hoje, essa referência vem exclusivamente da quantidade de acessos que a página ou o canal do artista possui nos sites especializados, seja em vídeo ou áudio (streaming e rádios virtuais).
Mas afinal, o que mantém o rádio vivo? Bom, o rádio possui uma abrangência ampla e mesmo para aqueles que não dispõem de recursos ou dispositivos com acesso a internet, é gratuito e ainda oferece uma gama de opções, tais como emissoras especializadas em ritmos musicais específicos, tais como as religiosas, esportivas e de notícias.
Mas não pense que o rádio “parou no tempo”. Hoje, muitas emissoras possuem estúdios modernos e com tecnologia para transmissões suficientes não apenas para aqueles que desejam ouvir, mas também para quem quer ver o que se passa no estúdio durante as transmissões.
A interação com os profissionais que atuam no rádio também aumentou, pois com as redes sociais o ouvinte pode ter canais de comunicação com a emissora que vão muito além do famigerado telefone convencional.
Só pra se ter uma ideia do poder do rádio no contexto atual, na tragédia que assola o estado do Rio Grande do Sul, o famoso radinho de pilha passou a ser o único meio de comunicação para milhares de pessoas com o mundo externo, visto que com o colapso da energia elétrica e internet em muitas localidades, apenas o sinal de rádio se fez presente.
Ainda há lugares, onde as atualizações sobre o clima continuam chegando apenas pelas ondas de rádio e existem até campanhas de arrecadação de aparelhos de rádio à pilha para algumas comunidades mais isoladas.
Conforme reportagem publicada recentemente pela CBN notícias, somente a comunidade rural de Sinimbu, localizada no centro do Estado Gaúcho e que foi diretamente afetada pelas enchentes, recebeu 35 unidades de aparelhos por meio de doações.
Não obstante, da mesma forma como o rádio nos remete a magia de ouvir os sons que chegam por meio de ondas em um aparelho, também possui a representatividade poderosa de um instrumento que pode trazer alento e informações primordiais em momentos extremos.
O rádio resiste e mantém sua importância num cenário tecnológico, que há tempos atrás sinalizaria como o seu provável fim, mas que se mostra como um meio de comunicação versátil, que atua em consonância com as evoluções tecnológicas predominantes, e que dificilmente conseguiríamos fazer alguma previsão de sua obsolescência. Viva o rádio, vida longa ao rádio!
Gian Baldo é policial civil e bacharel em Comunicação Social pela UFMT.
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