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Opinião
Terça - 11 de Junho de 2024 às 00:20
Por: Sérgio Cintra

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Tempos difíceis... a contragosto, tenho ido a mais velórios que batizados, a minha geração está partindo... Nada que assuste, o rio corre naturalmente; por outro lado, o “Relógio da Vida”, sabiamente, não avisa quando a corda vai acabar. A geração Baby Boomer, os nascidos entre 1945 e 1964, que fez (e ainda faz) a diferença está vendo que o caminho adiante e mais curto do que o já percorrido: é o momento de ver o saldo.

Parte de nós resolveu se indignar, não seguir o curso, não ser conivente... sonhamos com um mundo igualitário; infelizmente, o que Lennon profetizou em “Imagine”, de 1971, ainda é só um sonho. Sonho de um mundo sem fronteiras, sem desigualdades, sem religiões e sem consumismo. Nascemos e vivemos o pós 2ª Guerra Mundial, a Guerra Fria, a corrida espacial, a Revolução Cubana, a Guerra do Vietnã, sofremos as agruras da Ditadura Militar (1964 – 1985), vimos nascer a TV e criar uma geração de zumbis e, atualmente, vemos a internet pasteurizar as novas gerações: o mundo real foi substituído pelo virtual. Pensa-se menos, sabe-se menos que há uma década.

Mas não estou aqui pra filosofar; apenas pra dizer que, felizmente, envelhecemos

Se eu pudesse, gostaria de apresentar a essa geração do Tik Tok uns poucos da minha geração: Chico Buarque, “Hoje você é quem manda / Falou, 'tá falado / Não tem discussão, não / A minha gente hoje anda falando de lado / E olhando pro chão, viu / Você que inventou esse estado / E inventou de inventar / Toda a escuridão [...]; Nick Couldry, ... o capitalismo de dados está construindo uma nova ordem social, que precisa ser enfrentada de modo coletivo, a partir de um esforço comum. “Como podemos resistir? Em primeiro lugar, precisamos pensar séria e coletivamente, reivindicar o tempo e o espaço de nossas vidas a partir daquelas forças colonizadoras. Um modo como podemos fazer isso é nomeando o que acontece com o colonialismo de dados e aprendendo com as lutas anteriores de descolonização, repensando as nossas relações com a tecnologia”. Há muitos outros, mas falta espaço.

Mas não estou aqui pra filosofar; apenas pra dizer que, felizmente, envelhecemos. Passamos por muita coisa no macro e no micro. Ambas determinaram o que somos: desde os domingos, no Cine Theatro Cuiabá e no Cine Tropical até o comício pelas Diretas Já, na praça Rachid Jaudy; desde o Liceu cuiabano, com o jornal “Olho Vivo” até a histórica greve do curso de Medicina da UFMT para conseguirmos o Hospital Escola Júlio Muller (não consegui colocar o trema); desde a luta pelo direito à moradia até ao Jardim Florianópolis (Prefeito Frederico Campos), aliás, quem deu nome ao bairro; nós queríamos “Chê Guevara”.


Não vou nomeá-los, hoje, nos deixaram grandes cuiabanos, nascidos ou por adoção; saibam que vamos continuar tentando fazer uma Cuiabá melhor, vocês merecem!

Sérgio Cintra é professor e servidor do TCE- MT.



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