Brasília e o Pacifico Brasília está olhando de forma diferente para a saída para o Pacifico
Brasília está olhando de forma diferente para a saída para o Pacifico e também para um comércio maior com os países andinos. Até que enfim. Falam em cinco rotas, passando pelos vizinhos andinos, para chegar a porto no Peru, Chancay, que está sendo construído pelos chineses e que estará pronto este ano.
A rota que Mato Grosso está, chamada Quadrante Rondon, passa pela Bolívia até o Peru. Fala-se que essas rotas podem encurtar a distância do Brasil com a Ásia em até sete mil quilômetros e diminuir em 20 dias de viagem.
A verdade é que a China e seus interesses estão chegando para valer na América do Sul. É um abraço forte e que tiraria a região do eterno roteiro pelo Atlântico que vem desde a colonização europeia na região. O Brasil é disparado o maior parceiro e interessado nessa mudança, o mercado asiático é o foco principal.
Até agora o que houve foram tentativas de estados brasileiros em tentar essa conexão com portos do Pacifico. Agora é um movimento maior e que inclui aproximação do governo brasileiro com outros da área.
Para MT essa alternativa é importante. Mas, como já comentado mais de uma vez nesta coluna, talvez a saída não seja levar soja e milho por aquelas rodovias. Milhares de carretas enormes pelos Andes são difíceis.
A alternativa melhor, obviamente, seria uma ferrovia para esse tipo de transporte. Por que não tentar isso com os chineses? Enquanto isso não ocorre o caminho se abre mais para a agroindústria. Transporte mais adequado pelos países andinos.
Não há mais o que reclamar para que essa agroindustrialização ocorra. Até mesmo fábrica de fios e tecidos apareceu no cenário estadual. Não somente exportar algodão, agora podem ir bens industrializados. E aí surge a eterna pergunta: tem-se cerca de seis milhões de couros de bovinos por ano no estado e não se industrializa nada disso?
Ainda nessa área de aproximação regional, agora puxada por Brasília, o aeroporto Marechal Rondon foi definitivamente internacionalizado. É uma das alternativas de turismo e comércio também com os países vizinhos.
Cuiabá entra numa rota de turismo que pode aumentar renda e trabalho na cidade. Tem hotéis, restaurantes e muitas coisas para serem visitadas, se souber explorar isso. E ainda o Centro Histórico se não deixarem essa riqueza cultural ir desmoronando.
Por falar em comércio regional e turismo pelo Pacifico, a hidrovia Paraguai Paraná que sai no Atlântico, por incrível que pareça, tende a ser algo secundário. Até hoje não foi aquilo que se esperava, e com esse caminho novo pelo Pacifico no horizonte, ela vai ficar na história praticamente como o meio que chegaram os bandeirantes para iniciar algo nesse distante Brasil.
Coisas diferentes estão acontecendo ao nosso redor. Vai demorar deslanchar todas, mas deve acabar aquela antiga ideia de que aqui não se teria crescimento econômico porque estava longe dos centros consumidores e não se tinha logística ou alternativas de transportes. A coisa está mudando.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.
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