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Opinião
Sexta - 21 de Junho de 2024 às 00:49
Por: Flávio Henrique Stringueta

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Hoje estão querendo colocar uma data limite de gestação para que a prática não seja considerada homicídio: 22 semanas. Isso são cerca de pouco mais de 5 meses.

Os defensores dessa legalização, independente do período de gestação, costumam usar a famigerada frase: o corpo é da mulher, ela decide o que deve fazer com ele.

De tão grotesca, desumana e egoísta é essa colocação que talvez nem merecesse contraponto, mas, por certo, farei.

O corpo da mulher é sim dela, e ela pode fazer o que bem entender dele. A vida que está sendo gerada dentro dela, no entanto, não é absolutamente dela. E nem vou entrar em questões religiosas, dizendo que a vida é de Deus. Porém, com certeza, não é da mulher.


Esse ser que está sendo gerado, desejado ou não, é dotado de sentimentos, vontades, ele escuta e sente as sensações ao seu redor, ele já começa a formar sua personalidade desde a sua concepção. Ele deveria sim ser consultado se quer ver a luz externa. Porém, isso não interessa no momento.

Não sou a favor nem do aborto em caso de abuso sexual. E pelos mesmos motivos óbvios acima. O ser que está ali dentro está por algum propósito que só saberemos muito mais à frente.

A gestante que foi abusada deve ser acompanhada para conseguir gerar com dignidade uma pessoa sã e que possa satisfazer os anseios de muitos casais que desejam e não conseguem o dom da maternidade/paternidade. Eliminar um indivíduo simplesmente porque ele não foi fruto de um ato saudável, prazeroso e desejado é sim um homicídio, em qualquer fase da gestação.

Sabemos de vários relatos de esportistas que ficam deliberadamente grávidas para poderem potencializar os hormônios que lhes darão maior resistência e desempenho em provas esportistas. Em caso de liberação do aborto, isso seria algo plenamente possível em um país que sequer se investe em cultura para ensinar as adolescentes a evitar a gravidez.

Não muitos meses atrás, uma magistrada autorizou o aborto de uma criança (11 anos) que teria sido vítima de estupro que já estava em avançado estado de gestação. Não tenho medo algum de dizer que essa magistrada autorizou um homicídio, pois, segundo a melhor medicina moderna, esse feto já tinha condições de sobrevida extra-uterina.

Restou a pergunta: interromper a gravidez dessa menina de tenra idade (11 anos), matando o feto plenamente capaz de sobreviver, diminuiu o seu sofrimento?

Não somos um país que deve seguir modelos de outros países, pois temos nossas próprias culturas, educação (ou falta de), não podemos pegar os exemplos de outros países para justificar o que sequer saberemos explicar. Melhor ainda, nenhum país deve seguir exemplos de outros devido às suas peculiaridades. Sequer a cultura de um estado daqui do Brasil é igual à dos outros.

Às mulheres que foram vítimas de violência e engravidaram, e nao é a maioria, algum propósito existe. Matar esse ser que tem sentimentos, emoções, personalidade não diminuirá a dor da vítima. Elas precisam de apoio, e para o resto da vida, já que a interrupção da gravidez não lhes devolverá o status quo (condição anterior).

Devemos lembrar que nosso país não permite matar o estuprador que gerou violentamente essa vida, e queremos matar o fruto desse ato sórdido. Não é óbvio o contrassenso? O inocente é condenado à morte, enquanto o agressor terá todas as regalias do estado.

Outro ponto a se considerar é o que acontece quando se perde um ente querido. Não há dor maior para o ser humano do que perder um filho. E, ainda assim, os pais decidem que isso deve servir para algo bom para a humanidade. Guardadas as proporções, é o que devemos fazer com relação ao filho não desejado: darmos à humanidade.

Nosso país é um picadeiro armado para politiqueiros de ocasião subir num banquinho para fazer seu show. Não devemos deixar que a vida de um feto seja objeto desse show.

O que fazemos na vida, ecoa na eternidade.

Deus tenha misericórdia das almas dos que praticarem o contrário.

Flávio Henrique Stringueta é delegado da PJCMT.



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