O envenenamento no Coxipó Em Cuiabá, existiu um boate “Sayonara” localizada no bairro Boa Esperança
ocalizada no bairro Boa Esperança, na capital. O local era uma chácara que tinha acesso ao rio Coxipó do Ouro. Antigamente, era propriedade da família Gardès depois, do empresário Nazi Bucair.
Foi um balneário agradabilíssimo com passagem por clube de futebol, por meio do “Clube Chaves” formado por amigos restritos e familiares depois, com apresentações artísticas, show, musicais entre outros. Um recanto de lazer e musicalidade. Belos tempos. Belas memórias. Lá assisti o show de Alcione e de Roberto Carlos. Tive a oportunidade, na época, de receber o Troféu Bororo, ofertado pela Bayma Produções.
O Sayonara fechou as suas portas em 1989, seus espaços físicos transformados em matagal e, depois em loteamentos. Hoje temos nas proximidades o Residencial Santorine e outros condomínios, na capital. Nas dependências da antiga boite “Santa Rosa” funciona um Buffet. O rio ao fundo é uma podridão de esgotos. Todas as residências ali despejam o esgoto “in natura” no rio Coxipó que, por sua vez cai no rio Cuiabá e desagua no Pantanal Mato-grossense. As águas poluídas mataram as praias de Santo Antônio de Lever-MT, entre outras.
Antes do Sayonara, a chácara pertenceu a família Gardès, pertencente ao senhor Ademar Gardês casado com Castorina Leite Santos, pais de João Cláudio Gardès, Ana Josefa Gardès, Melânia Agda Gardès e João Pedro Gardès Neto Nesse local, no ano de 1936, justamente num 1º de abril, um sábado de aleluia, aconteceu uma tragédia.
Era nessa chácara que a família gostava de recepcionar os convidados. A cozinheira da casa recebeu a incumbência de preparar um bolo para receber os visitantes. E assim foi feito. No entanto, a cozinheira no momento do preparo do bolo não encontrou o bicarbonato. Indagou a patroa que lhe respondeu: está num embrulhinho de papel branco, no armário. Foi no local indicado e não encontrou. Viu o outro local do armário da cozinha e encontrou o embrulhinho de papel branco. Pegou. Preparou o bolo. Bolo pronto foi servido à família e aos convidados, inclusive, a cozinheira.
Todos passaram mal, inclusive, a cozinheira. Na correria do momento descobriu que no lugar de bicarbonato foi usado um pó branco que, na verdade, era arsênico. A cozinheira foi levada pelo marido de carroça para a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Viveu dez anos e faleceu em lº de abril de 1946, dez anos após o acidente na Chácara no Coxipó da Ponte, conforme informes do jornal A Cruz.
Como era primeiro de abril, “dia de peta” o socorro chegou com demora na chácara. Ademar Gardès chegou morto ao hospital, Melânia também faleceu no mesmo dia e, Pedrinho faleceu no dia 2 de abril de 1936, além de primos, primas, amigos e convidados, faleceram Lauro Ribeiro e a esposa de Luiz Viégas.
A família Gardès lastimou o ocorrido e realizou no dia 7 de abril do mesmo ano, na Sé da Cathedral, uma missa, lamentando a tragédia ocorrida no Coxipó, em Cuiabá.
Neila Barreto é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.
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