Há 48 anos cheguei em MT Vim de Brasília, como jornalista pra trabalhar na comunicação do governo
Acho relevante registrar a data, menos por mim. Mais por tudo que aconteceu nesses 48 anos desde o dia 25 de agosto de 1976. Vim de Brasília, como jornalista pra trabalhar na comunicação do governo de Mato Grosso, dois anos antes da divisão que criou Mato Grosso do Sul.
Mato Grosso era apenas uma promessa otimista. População: 1 milhão e 200 mil no Norte e no Sul somadas. 38 municípios no Norte e 56 no Sul. Um dado me fascina recordar. Nas duas regiões eram 13 mil veículos registrados nem todo Estado. Hoje são 2.227.000 em Mato Grosso e 1.800.000 em Mato Grosso do Sul, somando 4.027.000.
Naquele momento, chegavam a Universidade Federal, o asfalto de Goiânia e de Campo Grande a Cuiabá, e o primeiro linhão de energia elét rica desde Cachoeira Dourada-GO.
Havia um grande movimento político em torno da proposta de divisão do Estado. As regiões Norte e Sul brigavam intensamente pelo tema. O Norte era contra. O Sul era a favor desde sempre. Finalmente, a divisão foi assinada em 12/10/1977 e a separação física e política em 1/1/1979.
Nascia ali um Mato Grosso praticamente das cinzas. A separação quebrou as finanças das duas regiões e produziu dois estados mal planejados e financeiramente quebrados. Receitas pertinho de zero.
A reação de Mato Grosso foi mais rápida do que o irmão do Sul. Lá precisou-se construir uma cultura política e de gestão a partir do zero. O Norte levava grande vantagem por ter Cuiabá como capital desde o século 19. Portanto, uma cultura política e de gestão consolidadas. Território muito maior, mas muito mais atrasado.
O que aconteceu nos anos seguintes esteve ligado muito mais ao espírito inventivo e à coragem dos mato-grossenses do que à razão. Tudo indicava o fracasso. Mas a cultura política e de gestão, somada com a garra dos milhares de migrantes que mudaram pro estado, somado com todas as potencialidades, o salto foi inacreditável.
Confesso que naveguei nesse mundo de transformações como jornalista e como cidadão. Registrei em jornais, revistas, rádio, tv, sites e podcasts todo esse movimento extraordinário.
O menino de 32 anos que chegou de Brasília já não é mais menino, mas viu a História acontecer passo a passo. Os cabelos já grisalhos guardam a memória dos sonhos enlouquecidos dos mato-grossenses que acreditaram que o impossível seria possível. Como é hoje. Comemoro essa grande aventura pessoal misturada com a grande aventura mato-grossense, 48 anos depois.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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