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Opinião
Quinta - 12 de Setembro de 2024 às 00:51
Por: Fábio Granja

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Nos últimos anos, a questão da inadimplência tem se tornado cada vez mais alarmante no Brasil. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC Brasil), o número de inadimplentes no país chega próximo a 67,7 milhões de pessoas. Já a Serasa Experian aponta um número ainda maior, de aproximadamente 72,5 milhões, representando um montante que chega a impressionantes R$ 394 bilhões.

Diante desse cenário, é pertinente questionar: qual o motivo que tem levado tantos brasileiros à inadimplência?


Em Mato Grosso, dados recentes revelam que mais de 1,1 milhão de pessoas no Estado registram pelo menos uma dívida em atraso. A média de dívidas por inadimplente é 2,2, com um valor médio que se aproxima de R$ 4.900,00. Isso resulta em um montante próximo a R$ 11,8 bilhões que não estão circulando na economia local. Em Cuiabá, outro dado preocupante revela que 86,8% das famílias estão endividadas, conforme apontado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Este índice elevado reflete um problema que precisa de atenção urgente. A pergunta que fica é: o que pode ser feito para reduzir esses números alarmantes?


Observamos com frequência campanhas de regularização de débitos e publicidades de crédito "fácil" voltadas para aqueles que estão inadimplentes. Contudo, será que essas iniciativas realmente ajudam a população? Essa é uma questão crucial. Embora a facilitação da negociação e do crédito possa oferecer alívio temporário, ela não resolve o problema estrutural que leva ao endividamento em primeiro lugar.


Um fator fundamental que precisa ser mais explorado é a educação financeira. Nossa cultura consumista frequentemente prioriza a aquisição de bens e serviços em detrimento de um planejamento financeiro saudável. Infelizmente, poucas famílias discutem sobre finanças dentro de casa, resultando em um conhecimento limitado sobre como economizar, cortar gastos desnecessários e investir de forma inteligente. O impulso de comprar, a tendência de parcelar compras e a ignorância sobre juros muitas vezes levam a um ciclo vicioso de endividamento.


É importante também compreender a diferença entre inadimplentes e endividados. O termo "endividado" refere-se àqueles que possuem dívidas, mas que ainda estão gerenciando suas finanças e pagando suas contas. Já os "inadimplentes" são aqueles que não conseguem honrar suas obrigações financeiras, ficando com suas contas em atraso. Apesar de todos os inadimplentes serem endividados, nem todos os endividados são inadimplentes. Isso destaca que a educação financeira e a gestão adequada das dívidas são cruciais para evitar que um indivíduo chegue ao estado de inadimplência.


Para superar este cenário desafiador, a educação financeira precisa ser integrada ao currículo escolar, desde a educação básica até o ensino superior. É fundamental que escolas e universidades criem métodos lúdicos e atividades práticas que ensinem habilidades financeiras de forma envolvente. Tarefas que envolvam toda a família também podem ser implementadas, promovendo diálogos sobre dinheiro, orçamento familiar e planejamento. Levar o aprendizado financeiro para a família inteira ajudaria a criar uma cultura de responsabilidade e consciência financeira desde cedo.


Uma outra ação para combater a inadimplência é promover cursos e oficinas de educação financeira, especialmente em comunidades carentes e entre grupos vulneráveis. Essas iniciativas podem ensejar conhecimentos práticos, como fazer um controle de gastos, entender taxas de juros e construir um orçamento familiar, ajudando cada indivíduo a tomar decisões mais informadas e conscientes.


Em conclusão, o desafio da inadimplência e do endividamento em Mato Grosso e em todo o Brasil é complexo e multifacetado. Contudo, focar na educação financeira e na mudança de cultura de consumo pode ser uma estratégia eficaz para enfrentar essa questão. Ao capacitar as pessoas a se tornarem mais responsáveis financeiramente e a entenderem a diferença entre estar endividado e ser inadimplente, podemos não apenas reduzir os índices de inadimplência, mas também contribuir para um futuro econômico mais estável e saudável para todos.

Fábio Granja
Especialista em Gestão de Negócios e Mercado



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