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Opinião
Sexta - 20 de Setembro de 2024 às 00:21
Por: Maria Augusta Ribeiro

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Os chamados “jogos de azar” ganharam roupagem diferente na internet mas com um propósito simples, dar ao competidor um premio pela aposta. O que acontece em todos os jogos de azar e que a maioria dos prêmios quem ganha são as operadoras não os cliente.

Essa prática, inicialmente inofensiva e divertida, muitas vezes leva a uma espiral de comportamentos destrutivos, impactando na saúde financeira e no bem-estar mental e emocional dos usuários.

Por que as apostas online se tornaram um problema?

Em primeiro lugar, é fundamental entender o motivo pelo qual as apostas online exercem tanto fascínio. De tigrinhos, bets a aviãozinho todos contem uma combinação de acessibilidade, anonimato e gratificação instantânea.


Hoje, qualquer pessoa com um smartphone pode, em poucos cliques, acessar plataformas de apostas que prometem prêmios tentadores. Um levantamento feito pelo Itaú de junho de 2023 a junho de 2024 aponta que brasileiros gastam 70 bilhões de reais em jogos online.

Além disso, as estratégias de marketing utilizadas por essas empresas são altamente sofisticadas, aproveitando-se de técnicas psicológicas que mantêm o usuário engajado e preso ao ciclo de apostas.

Promoções constantes, bônus atrativos e a sensação de “quase ganhar” são apenas algumas das táticas empregadas para garantir que o jogador nunca desista. É nesse ponto que a linha entre entretenimento e exploração se torna turva.

O impacto na saúde mental

O vício em apostas online não afeta apenas o bolso. A saúde mental dos usuários também é gravemente comprometida. Ansiedade, depressão e estresse são comuns entre aqueles que se veem incapazes de parar.

Pior ainda, o sentimento de culpa e vergonha associado ao vício pode levar ao isolamento social e suicídio. Em outras palavras, o que deveria ser uma forma de lazer se transforma em uma prisão sem grades.

Mas as plataformas de apostas não tem responsabilidade?

Embora muitas delas aleguem promover o “jogo responsável”, a realidade é que os mecanismos para prevenir o vício são, na maioria das vezes, ineficazes. Pior ainda, a regulamentação do setor ainda é insuficiente em muitos países, permitindo que essas empresas continuem operando sem serem responsabilizadas pelo dano que causam. Isso nos leva a refletir: até que ponto a sociedade está disposta a tolerar essa pratica.

Como se proteger?

Para aqueles que sentem que estão perdendo o controle, há medidas que podem ser adotadas. Estabelecer limites claros de tempo e dinheiro, buscar apoio em grupos de ajuda, e, se necessário, recorrer a profissionais de saúde mental são passos fundamentais para quebrar o ciclo vicioso.

Famílias com crianças e jovens abusando das apostas, é primordial que os pais e mães reduzam o tempo de tela e utilizem controle parental para evitar o acesso as desde pequenos, pois vale lembrar que vícios em tecnologias agora são diagnósticos medico inserido no CID 11 (classificação internacional de doenças).

Estratégias como o dialogo, educação financeira e parceria para atividade online são meios eficazes de evitar que o vicio fidelize seu filho ou filha desde pequeno.

É crucial que a sociedade como um todo reconheça a gravidade do problema e pressione por regulamentações mais rigorosas e por campanhas educativas que alertem sobre os riscos das apostas online.

A escravidão digital imposta pelas bets é um problema crescente que precisa ser urgentemente abordado. Se, por um lado, a tecnologia oferece entretenimento e conveniência, por outro, ela também pode se tornar uma armadilha perigosa, aprisionando aqueles que buscam uma fuga rápida dos problemas cotidianos e gastando um dinheiro que muitas vezes não possuem.

Portanto, é essencial que cada um de nós esteja consciente dos riscos e tome as medidas necessárias para proteger a si mesmo e àqueles ao nosso redor. Afinal, a liberdade digital não deve ser um privilégio, mas um direito de todos.

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.



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