Apostas online e a escravidão digital Estar conectado tem significado de facilidade, mas acentuou armadilhas
Os chamados “jogos de azar” ganharam roupagem diferente na internet mas com um propósito simples, dar ao competidor um premio pela aposta. O que acontece em todos os jogos de azar e que a maioria dos prêmios quem ganha são as operadoras não os cliente.
Essa prática, inicialmente inofensiva e divertida, muitas vezes leva a uma espiral de comportamentos destrutivos, impactando na saúde financeira e no bem-estar mental e emocional dos usuários.
Por que as apostas online se tornaram um problema?
Em primeiro lugar, é fundamental entender o motivo pelo qual as apostas online exercem tanto fascínio. De tigrinhos, bets a aviãozinho todos contem uma combinação de acessibilidade, anonimato e gratificação instantânea.
Hoje, qualquer pessoa com um smartphone pode, em poucos cliques, acessar plataformas de apostas que prometem prêmios tentadores. Um levantamento feito pelo Itaú de junho de 2023 a junho de 2024 aponta que brasileiros gastam 70 bilhões de reais em jogos online.
Além disso, as estratégias de marketing utilizadas por essas empresas são altamente sofisticadas, aproveitando-se de técnicas psicológicas que mantêm o usuário engajado e preso ao ciclo de apostas.
Promoções constantes, bônus atrativos e a sensação de “quase ganhar” são apenas algumas das táticas empregadas para garantir que o jogador nunca desista. É nesse ponto que a linha entre entretenimento e exploração se torna turva.
O impacto na saúde mental
O vício em apostas online não afeta apenas o bolso. A saúde mental dos usuários também é gravemente comprometida. Ansiedade, depressão e estresse são comuns entre aqueles que se veem incapazes de parar.
Pior ainda, o sentimento de culpa e vergonha associado ao vício pode levar ao isolamento social e suicídio. Em outras palavras, o que deveria ser uma forma de lazer se transforma em uma prisão sem grades.
Mas as plataformas de apostas não tem responsabilidade?
Embora muitas delas aleguem promover o “jogo responsável”, a realidade é que os mecanismos para prevenir o vício são, na maioria das vezes, ineficazes. Pior ainda, a regulamentação do setor ainda é insuficiente em muitos países, permitindo que essas empresas continuem operando sem serem responsabilizadas pelo dano que causam. Isso nos leva a refletir: até que ponto a sociedade está disposta a tolerar essa pratica.
Como se proteger?
Para aqueles que sentem que estão perdendo o controle, há medidas que podem ser adotadas. Estabelecer limites claros de tempo e dinheiro, buscar apoio em grupos de ajuda, e, se necessário, recorrer a profissionais de saúde mental são passos fundamentais para quebrar o ciclo vicioso.
Famílias com crianças e jovens abusando das apostas, é primordial que os pais e mães reduzam o tempo de tela e utilizem controle parental para evitar o acesso as desde pequenos, pois vale lembrar que vícios em tecnologias agora são diagnósticos medico inserido no CID 11 (classificação internacional de doenças).
Estratégias como o dialogo, educação financeira e parceria para atividade online são meios eficazes de evitar que o vicio fidelize seu filho ou filha desde pequeno.
É crucial que a sociedade como um todo reconheça a gravidade do problema e pressione por regulamentações mais rigorosas e por campanhas educativas que alertem sobre os riscos das apostas online.
A escravidão digital imposta pelas bets é um problema crescente que precisa ser urgentemente abordado. Se, por um lado, a tecnologia oferece entretenimento e conveniência, por outro, ela também pode se tornar uma armadilha perigosa, aprisionando aqueles que buscam uma fuga rápida dos problemas cotidianos e gastando um dinheiro que muitas vezes não possuem.
Portanto, é essencial que cada um de nós esteja consciente dos riscos e tome as medidas necessárias para proteger a si mesmo e àqueles ao nosso redor. Afinal, a liberdade digital não deve ser um privilégio, mas um direito de todos.
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.
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