Manejo do fogo no pantanal Riqueza natural corre sérios e reais riscos de destruição irreversíveis
Como se sabe, o Pantanal é a maior e mais complexa planície inundável do planeta, ocupando uma área de 140.000 km2, no território brasileiro, sendo que 35 % do território pantaneiro fica no estado de Mato Grosso e 65 % do restante no Estado de Mato Grosso do Sul. Porém, o pantana expande-se para outros países limítrofes ao Brasil.
Na sua essência o pantanal possui regiões de transição de dois ecossistemas diferentes, ou seja, elementos do cerrado brasileiro e elementos da Amazônia legal, onde pode ser encontrada fitofisionomias botânicas destes dois ecossistemas nas áreas não alagáveis.
Ademais o pantanal proporciona grande diversidade da flora e da fauna nativa, autóctone, e endêmicas do país. A estrutura fundiária no pantanal é caracterizada por grandes propriedades rurais voltadas para a produção pecuária de cria e recria e engorda, o ambiente pantaneiro tem dois períodos bem definidos anualmente um de secas e outro de inundações.
O processo de crescimento demográfico no ambiente pantaneiro com presença constante populações humanas é ainda pouco significativo.
Não faz muito tempo, tudo no pantanal seguia seu curso natural, com características e peculiaridades típicas e especificas, ou seja, com poucas estradas fazendo o fluxo e refluxo de pessoas e mercadorias. Hoje esta riqueza natural corre sérios e reais riscos de destruição irreversíveis, pela intensificação da movimentação humana.
Sabemos que é difícil, quase impossível, para quem não conhece o pantanal avaliar o impacto causado pela atividade humana na região e como ela está influindo fortemente no bioma pantaneiro, vez que tudo que se fazem nos planaltos mato - grossenses , mais cedo ou mais tarde irá indubitavelmente refletir nesse ecossistema como um todo.
O não manejo do fogo nesse ambiente no período certo é um dos fatores de grande risco de impactos ambientais na fora e na fauna desse ambiente único no mundo. A pressão antrópica no ambiente atual e a falta de manejo pelo poder público evidencia isso com precisão.
Outro fator preocupante são os focos de incêndios florestais constante no ambiente pantaneiro que compões os dois estados os quais não dispões de infraestrutura de apoio e logística para prevenir e combate lós, uma bomba relógio. Real e verdadeira.
Isto se deve principalmente pela especificidade, diversidade e riqueza da vegetação presente no ambiente pantaneiro, assim como modo extensivo de criação de gado, principal atividade econômica nesse complexo, rico e alvissareiro ambiente. Com a chegada do período de seca ou até mesmo de estiagem a ocorrência de incêndios florestais é um fato nesse ecossistema.
Neste sentido, é necessário que os poderes constituídos ajam com responsabilidade e respeito a vida presente no ecossistema pantaneiro.
É preciso que autoridades fomente e estimule a pesquisa, a capacitação de recursos humanos e a criação de alternativas que substituam o uso aleatório do fogo como forma de manejar as pastagens nesse extraordinário ambiente natural.
Desde 1987, venho pesquisando o pantanal e diagnosticando o uso do fogo no ambiente, avaliando sua dinâmica e sua evolução nesse bioma, apresentando técnicas de prevenção controle e combate do fogo, porém, os governos em suas três estâncias, não consegue mirar a importância desse ambiente.
Romildo Gonçalves é professor e pesquisador.
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