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Opinião
Sábado - 30 de Novembro de 2024 às 00:54
Por: Maria Augusta Ribeiro

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O comportamento dos jovens nas redes sociais está mudando. Se antes o compartilhamento de informações era constante, hoje vemos uma retração significativa. Mas porque os jovens estão deixando de publicar nas redes?

Um estudo do Pew Research Center revelou que jovens entre 13 e 17 anos têm medo de serem criticados por suas postagens. Isso cria uma pressão para que eles pensem duas vezes antes de compartilhar algo.

Nas redes sociais, qualquer deslize pode ser motivo de comentários negativos e até bullying. Essa percepção está ligada ao conceito de espaço de fluxos, de Castells, onde a informação flui globalmente e em tempo real. Isso amplifica o impacto social de uma publicação, já que tudo o que é postado pode rapidamente ganhar alcance global, elevando a ansiedade em relação ao julgamento.

Os jovens de hoje estão cada vez mais em busca de autenticidade.


As redes sociais, são vistas como espaços onde as vidas são exibidas de maneira idealizada, o que desencoraja a publicação de conteúdos mais genuínos. Segundo o pesquisador ManuelCastells, as redes constituem uma nova forma de organização social e comunicacional, e os jovens percebem a hiperconectividade como um fator de pressão para manter uma imagem idealizada.

Dados do Global Web Index mostram que a Geração Z em especial, prefere o consumo de conteúdos mais autênticos e menos editados. Essa busca por autenticidade também está relacionada ao conceito de identidade em rede, proposto por Castells.

Os jovens constroem suas identidades em um espaço onde as interações são mediadas por algoritmos e estruturas digitais, criando uma tensão entre o real e o ideal.

Exposição e privacidade

A preocupação com a privacidade é outra razão importante para a redução de postagens. Jovens estão cada vez mais cientes dos riscos de compartilhar informações pessoais online.

A noção de sociedade em rede ressalta que, à medida que os indivíduos participam dessa rede global, suas ações e dados podem ser monitorados e armazenados, o que eleva o receio de exposição excessiva.

Isso não significa que os jovens estão deixando de se comunicar em ambiente digital. Apenas migrando para plataformas mais privadas, como WhatsApp e Telegram, onde têm mais controle sobre quem visualiza suas postagens. Essa mudança também está ligada à reconfiguração das relações sociais, onde os indivíduos escolhem com quem e como se conectam, reduzindo a exposição pública.

Fadiga digital

A Fadiga digital é um fator crescente. O uso constante de dispositivos e redes sociais está sobrecarregando os jovens. E o consumo excessivo de mídias sociais pode levar à ansiedade, estressee depressão.

Na sociedade em rede, os jovens são bombardeados com informações em tempo real, sem pausas, o que gera essa fadiga mental e a busca por uma pausa nas redes é uma reação a essa hiperconectividade.

Mudança de hábitos

A maneira como os jovens utilizam as redes sociais também está mudando. Se antes havia o hábito de publicar fotos e pensamentos, hoje muitos preferem consumir conteúdo de forma mais passiva. Eles navegam pelas redes, assistem a vídeos e interagem apenas com curtidas e comentários, sem necessariamente criar seus próprios conteúdos.

Isso reflete o conceito de espaço de fluxos, onde os jovens estão conectados a um fluxo contínuo de informações e tendências globais, mas preferem participar como espectadores. Plataformas como YouTube e TikTok exemplificam esse comportamento, com a criação de uma cultura de consumo passivo, em vez de produção ativa.

Ansiedade pela validação

A busca por validação social também tem impacto no comportamento dos jovens. As redes sociais incentivam a competição por curtidas e comentários, o que pode aumentar a ansiedade. E a busca por aceitação social está ligada à diminuição das postagens, já que muitos jovens preferem não arriscar uma publicação que não receba a validação esperada.

A comunicação digital desses jovens hiperconectados, mas que postam mostra que continuam vivendo suas sociedades em rede, mas que estão abertos a outros contextos como o do equilíbrio no manuseio de suas telas e entendendo o impacto que um post pode fazer em suas vidas.

Redes sociais como forma de conexão silenciosa

Os jovens também utilizam as redes de maneira mais observadora, preferindo uma conexão silenciosa. Eles navegam e interagem minimamente, sem sentir a necessidade de se expor publicamente. Isso é reflexo de uma adaptação à sociedade em rede, onde estar presente no fluxo de informações é mais importante do que necessariamente contribuir ativamente.

A sociedade em rede exige dos jovens um novo tipo de participação, onde as pressões de se manter relevante, autêntico e protegido coexistem. As estratégias de marketing digital devem considerar essas transformações e adaptar-se à busca por um ambiente online mais privado e genuíno, em vez de apenas focar na Infobesidade.

O comportamento dos jovens esta mudando e muitos analisam essas mudanças como positivas, ja que a comunicação não deixou de existir, apenas se transformou e o comportamento dos jovens acompanha essa tendencia. Por mais fluida que sejam as novas gerações, as conversas cara a cara ainda sao a melhor maneira de se comunicar, criar repertório e ser feliz.

Maria Augusta Ribeiro especialista em Netnografia e comportamento digital.



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