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Opinião
Quinta - 05 de Dezembro de 2024 às 00:43
Por: Giovana Fortunato

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A sexualidade, compreendida em sua totalidade, envolve não apenas a relação física entre indivíduos, mas também elementos psicossociais, emocionais e culturais que afetam diretamente o desenvolvimento de crianças e adolescentes . A atividade sexual é um tema multifacetado que desperta grande interesse e curiosidade, sendo parte essencial da vida humana. Desse modo, a complexidade da sexualidade, envolve fatores relacionados ao ambiente, sociedade e cultura, incluindo afetividade, sexo, prazer, carinho, intimidade e valores morais em cada cultura associada ao seu comportamento.


Estudos indicam que programas educacionais bem estruturados podem reduzir comportamentos de risco, promover o uso de métodos contraceptivos e aumentar o conhecimento sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Ao fornecer informações precisas e adequadas, a escola desempenha um papel crucial na formação de jovens conscientes e responsáveis sobre sua própria sexualidade.

A adolescência é uma fase de crescimento cheia de mudanças e descobertas, que aflora o lado "sexual". Algumas pessoas acreditam que "sexualidade" é o que se refere às relações sexuais ou aos órgãos genitais. No entanto, é um conceito muito mais amplo, é um processo dinâmico e complexo que se inicia ao nascer, se manifesta de diferentes formas ao longo da vida e envolve também sentimentos, emoções e o processo de formação da própria identidade. A sexualidade tem a ver com a forma como nos vestimos, nos movemos, nos expressamos e nos relacionamos com os outros.

Nesse sentido, a saúde sexual e reprodutiva na adolescência é um componente de grande importância na vida das pessoas, uma vez que as primeiras experiências sexuais muitas vezes ocorreram durante essa fase da vida. Sem informação e orientação, podem resultar em gestações não planejadas ou até em Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo HIV/AIDS, complicações que podem ser evitadas através de estratégias de informação e educação.

Assim, para os jovens é tão importante viver as novas experiências que a adolescência traz, quanto aprender os novos cuidados que devem ter para não afetar seu desenvolvimento físico, emocional e psicológico. É disso que trata a “saúde sexual e reprodutiva”, é a capacidade de desfrutar de uma vida sexual segura, responsável, prazerosa e livre de violência. Só a própria pessoa que tem o poder de decidir sobre sua sexualidade, ninguém pode decidir por ela ou forçá-la a fazer coisas que a pessoa não quer.

“Saúde sexual e reprodutiva” é a liberdade de decidir se quer ou não ter relações sexuais, é o poder de decidir se quer ou não ter filhos, quantos e quando, para isso existem métodos contraceptivos. É o direito de receber informação adequada para prevenir gravidez indesejada e/ou doenças sexualmente transmissíveis.

Quando termina a adolescência e começa a vida adulta, a saúde sexual também está presente nos cuidados durante a gravidez e o parto, na prevenção do câncer de mama, colo do útero e próstata e até nos tratamentos de infertilidade, por exemplo. Por isso, recomenda-se que, já no início da puberdade, tanto homens quanto mulheres possam fazer uma visita ao serviço de saúde, indo sozinho ou acompanhado com alguém de confiança, que se sinta acolhido.

O adolescente também tem direito a cuidados confidenciais, isso significa que tudo o que ele debate naquele espaço é protegido pelo sigilo profissional. Como profissionais devemos estar muito atentos aos cuidados e acolhimentos desses adolescentes.

Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).



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