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Opinião
Sexta - 13 de Maio de 2011 às 09:14
Por: Lourembergue Alves

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Em razão do texto do último domingo (08/05), intitulado “Viagem, VLT e deslizes”, esta coluna recebeu dezenas de e-mails elogiosos. Um deles trazia anexo, cópia do documento preliminar datado de janeiro de 2010, elaborado pelo saudoso Bento Porto – agrônomo que se fez conhecido e respeitado por sua competência profissional e luta em favor do planejamento. Planejar, dizia ele, é tarefa imprescindível também para a administração pública. Assim, o dito documento recomendava enfaticamente a necessidade de se “avaliar tecnicamente as alternativas entre o VLT e o BRT”, ainda que saísse em defesa do Veículo Leve Sobre Trilho (VLT). 

Recomendação, no entanto, ignorada. Isso ficou claro na recente viagem a Portugal, sem a presença indispensável de um técnico, engenheiro ou de alguém com conhecimento bastante sobre o desenho arquitetônico cuiabano e várzea-grandense. Não se realizou, portanto, a chamada “avaliação do sistema” – tão apregoada por deputados, Agecopa e governador. 

Apesar disso, e igualmente por esse motivo, vale à pena trazer trechos do dito documento, até para ajudar o (e) leitor que se encontra entre a onda oficial do marketing e o redemoinho da desinformação.
 Assim, cabe reforçar a tese de que Cuiabá e Várzea Grande carecem dar um salto qualitativo em termos de transporte coletivo. Precisam sair dos primeiros anos do século XX, onde se encontram presas e à mercê da visão tacanha dos gestores e dos parlamentares, para o XXI.

Seu sistema – alerta o documento - “necessita de um reordenamento e adequação em função da mobilidade urbana e do crescimento do trânsito da área metropolitana que aponta diariamente veículos de outras localidades”. Adequação compatível com a estrutura urbanística existente. Aliás, observa, que “no caso dos eixos centrais de Cuiabá as vias públicas são estreitas e o volume de passageiros é ponderavelmente grande para o transporte de ônibus, mesmo em linhas exclusivas”. “Diferentemente de Curitiba – acrescenta - onde o sistema de linha exclusiva denominada BRT foi implantado há três décadas, em avenidas largas”. Mas “já se cogita, conforme informações da Empresa Brasileira de Transporte Urbano (EBTU), a substituição do principal ramal desse sistema pelo VLT”, seguindo assim a “forte alternativa que está ganhando espaço”, uma vez que se trata de “um sistema adotado em várias cidades da Europa, Ásia, EUA, como solução para o transporte de passageiros em regiões de média capacidade de demanda”. 

A capital mato-grossense, com taxa de crescimento populacional extraordinária, “encaixa-se em todos os aspectos para se implementar o VLT”. Afinal, estudos realizados em 1998 e 2006 caminham nessa direção. Até porque esse modal “pode operar nos canteiros e em elevados quando a pista é estreita”, e, ainda, “pode ser movido com energia elétrica, biodiesel ou diesel”. 

Por outro lado, cabe lembrar, “desde 1990, o Plano Nacional de Transporte de Massa da EBTU já recomendava estudos para implantar o sistema VLT nos corredores de transporte Várzea Grande-Avenida do Prainha, Centro de Cuiabá-CPA e Centro-Fernando Corrêa, com o Coxipó em segunda
prioridade”. 

Percebe-se, então, uma forte argumentação em prol do VLT. Tal documento, entretanto, permaneceu nas gavetas das escrivaninhas da prefeitura cuiabana, Legislativo estadual e do governo estadual. Nada dele foi levado ao conhecimento da população, nem com ela debatido. A decisão fica a cargo dos atuais manda-chuvas. O que é uma pena!!!       

Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos.



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