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Opinião
Segunda - 02 de Maio de 2011 às 16:24
Por: João Francisco Salomão

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O ferrenho combate à inflação, com o qual se comprometeu a presidente Dilma Rousseff, não cabe somente ao governo. Trata-se de causa nacional, cujo sucesso depende muito do engajamento da iniciativa privada. Empresas e entidades de classe de todos os setores devem posicionar-se no sentido de exigir a contenção dos gastos públicos, que alimenta uma ciranda financeira invisível aos olhos da sociedade, e o melhor gerenciamento e controle dos preços administrados, como os dos transportes, que puxam majorações em escala nas distintas cadeias produtivas.

Em paralelo a essa ação político-participativa, contudo, a grande contribuição do universo corporativo é a consciência de que não se deve aproveitar a economia aquecida, a confiança dos consumidores e a demanda em alta para ganhar no preço. Mais do que nunca, é hora de apostar na produção. Somente assim, será possível consolidar um dos mais profundos processos de transformação socioeconômica de toda a História do Brasil, que foi, sem dúvida alguma, a inclusão de cerca de 30 milhões de habitantes nos benefícios da economia, em menos de uma década.

Somos, hoje, um país predominantemente de classe média, a qual representa 52% de toda a população.

Investir na inflação, desencadeando uma descabida, inconsequente e patológica tendência de majoração dos preços, seria um imenso retrocesso. Significaria uma atitude oportunista, destruidora de tudo o que se construiu desde o Plano Real, a partir de 1994, quando o Brasil venceu a inflação, criando condições para que desenvolvêssemos uma verdadeira economia de mercado, atraíssemos mais investimentos, conquistássemos o investment grade, promovêssemos a inclusão social de milhões de pessoas e vencêssemos antes de todas as nações a grave crise de 2008 e 2009.

Foram conquistas concretas empreendidas nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, ambos emergentes da grande mobilização nacional em prol das “Diretas Já”, em 1984. Independentemente da grande rivalidade e das disputas atuais entre PT e PSDB, os dois partidos, no exercício do poder, concretizaram mudanças importantes, consentâneas com os valores agregados à democracia almejada pelo povo brasileiro. Ou seja, a presente conjuntura econômica brasileira, bastante positiva no contexto da globalização, é fruto de um processo político profundo.

Assim, é necessário elevado espírito político de toda a sociedade, na mais ampla acepção dessa atitude cívica, no sentido de preservar a essência de um singular avanço histórico. A melhor alternativa é apostar na produção, na economia de mercado e no crescimento do PIB, por meio de um saudável equilíbrio entre a demanda e a oferta de produtos. Temos uma indústria avançada, agropecuária desenvolvida e estrutura cada vez mais moderna no setor de serviços. Portanto, vamos dizer não à inflação, abastecendo nosso grande mercado interno com a prática de preços justos e ajuizados!

*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre — FIEAC
 




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