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Opinião
Quinta - 21 de Abril de 2011 às 13:24
Por: Kleber Lima

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O governador Silval Barbosa talvez não tenha a exata dimensão do ponto que marcou nos últimos dias perante a opinião pública ao impor limites à sanha do seu secretariado. Ao impedir ao acinte que seria um de seus secretários acumular a Casa Civil e a presidência da Agecopa, Silval deu uma demonstração de que a autoridade do seu governo ainda está mantida.

Não cito nomes de propósito. Primeiro, porque todos sabem quem é o personagem em questão. Segundo, porque o problema é o conceito, e não as pessoas. Fosse João, Joaquim, Pedro ou Ernesto, dava na mesma: o centro do governo tem que ser a figura do governador – e seja este, também, quem for.

Fora do Palácio, a voz rouca das ruas já começava a se incomodar com os excessos de alguns secretários, e até de parlamentares, que posam de donos do poder. Estava se criando um conceito de que faltava pulso e autoridade ao governador. Um governo com um governador sem autoridade é o mesmo que um navio sem comandante – fica à deriva.

Não me canso de citar a excelente obra do pensador chileno Carlos Matus, intitulada “O líder sem Estado Maior”. Matus disseca esse dilema da governança, com foco em diversas experiências na América Latina, e também universais. Começa apontando o que vemos em todos os governos: a criadagem cria um cordão de isolamento do governante com a realidade, e este passa a ver o mundo pelos olhos dos assessores. Essa redoma, todavia, é de vidro, diz o autor. Se o governante, cego pelos tapas que lhe colocam seus assessores, não vê o movimento real das ruas, a patuléia, ao contrário, vê tudo que o governante faz.

E a imagem que Silval vinha projetando nos seus primeiros 100 dias de governo não era nada satisfatória, do ponto de vista do desempenho geral de seu governo, e, especialmente, do seu desempenho pessoal. Passava a impressão que o Silval do ano passado era melhor que o Silval deste ano. O do ano passado chegou com personalidade, criou programas para a Saúde e a Segurança, lançou o programa Panela Cheia, movimentou partidos, poderes, fez governos itinerantes, entre outras ações. O deste ano praticamente não criou marca alguma, abafado e sufocado pelo excesso de aparição e movimentação dos tais “super-secretários”.

O governador também acertou na escolha do novo Secretário-Chefe da Casa Civil. José Lacerda é de uma cepa de políticos em extinção em Mato Grosso. Foi um deputado altamente propositivo, visionário, consistente. Tem preparo intelectual e moral. Sabe muito de relações humanas e interpessoais. É cordato, experiente. Essas qualificações deverão fazer com que a Casa Civil deixe de ser uma usina de crises, e, com isso, passe a ter condições de evitar que determinadas crises cheguem ao gabinete do governador. Como estava até agora, era o governador quem tinha que resolver as crises criadas pela Casa Civil. É como colocar o Rei na frente dos pões no jogo de xadrez.

No mesmo movimento, Silval também reequilibra as forças partidárias dentro de seu governo. O PMDB estava muito incomodado com o fato de o PR ter mais posições - e posições mais importantes - na administração Silval. Agora, com José Lacerda – embora este não seja o típico militante peemedebista e esteja afastado do dia a dia do partido há muito tempo, além do fato de não ser necessariamente um “homem do Bezerra” – o PMDB volta ao centro do governo, o que, de resto é natural, já que é o partido do governador.

Silval também corrige um problema que grassa no governo do Estado desde o início da Era Maggi. Com este, a Casa Civil foi chefiada por Carlos Brito, Luiz Antonio Pagot, Joaquim Sucena, João Antonio Malheiros e Eumar Novack. Nenhum estava talhado para o cargo, especialmente os últimos: ou eram autoritários demais ou fracos demais.

O problema principal, pelo que analiso, entretanto, é essa mania recente de se criar “super-secretários”. Qualquer governo que tenha super-secretário ou super-ministro terá, na verdade, um sub-líder. A principal figura do governo, repito, tem que ser o governante. Para o bem ou para o mal. Com suas qualidades e seus defeitos. Afinal, foi nesse governante que os eleitores confiaram. Quando criam a figura do “super-secretário”, logram o eleitor, delegam a uma pessoa estranha ao grande público, que não foi votada, a tarefa que é de quem tinha seu nome na urna, enfrentou debates, expôs suas forças e fraquezas.

Muito provavelmente, quando formos contar a história do governo de Silval Barbosa, teremos que fazer um corte antes e depois desse mês de abril. Poderemos ter que dizer que, em abril, Silval terminou o mandato de Blairo e começou o seu. Mas, isso só poderemos atestar com certeza daqui três anos e oito meses.

(*) Kleber Lima é jornalista, consultor de marketing em Mato Grosso, e diretor do site Hipernoticias.
 




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Kleber Lima

KLEBER LIMA é jornalista e secretário de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá

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