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Opinião
Segunda - 11 de Abril de 2011 às 10:37
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Em todo acontecimento trágico, as autoridades, os políticos e de outras pessoas carimbadas desfilam pelo local prometendo socorro, amparo e providências para diminuir o sofrimento das vítimas. Atitudes simpáticas e humanas, principalmente quando verdadeiras. Nesse momento, o que mais os flagelados querem ajuda, venha de onde vier. Mas aí é que mora o problema: quando a tragédia sai da mídia, os auxiliadores também somem e os atingidos ficam entregues à própria sorte.

Nos últimos dias, a população da região serrana do Rio de Janeiro – fortemente atingida pelas chuvas e deslizamentos – reclama dificuldades para receber o aluguel social prometido pelo governo, falta de assistência na rede pública de saúde, ausência dos prometidos serviços de contenção de encostas e até a falta de desobstrução dos bueiros das ruas tomadas pela lama. O mesmo ocorre no Morro do Bumba, em Niterói, sinistrado há mais de um ano, onde pessoas, desassistidas, acabaram voltando para o que sobrou de suas casas e temem pela repetição dos deslizamentos do antigo “lixão”.

O Brasil, hoje dito desenvolvido, tem uma grande dívida social para com a população. Apesar da grande carga tributária que arrecada e do imenso cabedal de leis que estabelecem direitos e deveres tanto o Estado quanto do cidadão, a maioria dos textos não passa de letra morta, pois não há o seu cumprimento e nem a punição daqueles que, tendo o dever, não executam o determinado pelo legislador.

As reclamações de abandono da população depois que a imprensa vai embora não são restritas apenas ao Rio de Janeiro. Ocorrem também em São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais e em todo lugar onde ocorreram tragédias, ocasionadas na maior parte pela omissão estatal. Coisas do passado que hoje têm de ser corrigidas e fiscalizadas para não voltarem a ocorrer.

Para não perderem a credilidade, governadores, prefeitos, ministros e outras lideranças devem medir suas palavras. Só anunciar providências com a certeza de que seus órgãos são capazes de concretizar e, uma vez anunciado, tomar conta para que elas realmente aconteçam. É que os fluminenses flagelados esperam principalmente do governador Sérgio Cabral, nos próximos dias.

Infelizmente, a maioria das cidades brasileiras não são frutos do planejamento. Resultam de aglomerações humanas que foram inchando através da improvisação. Morros e várzeas foram irregularmente ocupados e não houve força ou interesses em regularizá-los através dos tempos. Mas, após uma tragédia, o mínimo que se espera é a adoção de medidas para que ela não se repita, pelo menos no mesmo local. Mas nem isso tem ocorrido.

Temos tecnologia, recursos e necessidades, mas falta vontade política. Um pais que investe em obras milionárias como as preparatórias da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, não pode continuar deixando seu povo morrer na enxurrada e nas encostas de morro. É preciso mais prioridade e responsabilidade...

 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

 



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