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Mais que corredores de areia
Em recente e-mail, um dos leitores afirma: “de cada dez mato-grossenses, oito deles escolhem o Rio de Janeiro para passar as férias”. Infelizmente, a correspondência não apresenta a fonte de tal pesquisa. Fonte necessária. Mesmo que se saiba, de antemão, a força turística da Capital fluminense. Principalmente, por causa da “praia, do futebol e do carnaval”, acrescenta a dita correspondência. O que “encanta”, sobremaneira, “os conterrâneos”, finaliza. Encantamento que vem de longo tempo. Muito antes da utilização de aviões, carros ou de ônibus – transportes que substituíram o fluvial.
Contudo, carece dizer, o turismo, por aqui, vai além do carnaval, do futebol e da praia. Ainda que se reconheça a força turística desses três itens. No entanto, os times cariocas estão bem aquém de suas apresentações de outrora, nem se tem desfiles das escolas de samba em janeiro ou, tampouco, nos meses posteriores ao reinado de Momo - embora se saiba de todo um trabalho desenvolvido no entorno do carnaval e no interior das escolas. Sobraram, portanto, as praias. Atrativos permanentes.
Mas, vale lembrar, a “Cidade Maravilhosa” não se resume aos limites das praias e não apenas aos dos bairros que lhes emprestam os nomes, ou lhes pegaram os nomes emprestados.
Ao redor desses bairros, existem os morros, os quais realçam o desenho paisagístico e, simultaneamente a isso, obrigam os riscados arquitetônicos a respeitá-los como balizas. Ainda que um ou outro morro tenha sido demolido ao longo dos anos, e os túneis, rasgados as entranhas de muitos dos que estão de pé.
O Rio de Janeiro fica desse modo, espremido, sem, contudo, se sentir sufocado. Pois o mar – que lhe banha as beiradas – presenteia a cidade com uma espécie de liberdade, tornando-a mais “leve” e “solta”. Daí, então, as construções na vertical, e os edifícios erguidos em quase parede-meia uns com os outros. O que estreitam e encurtam as vias secundárias, que nascem e cortam as avenidas, que servem de referência para os transeuntes.
Desenho arquitetônico muito assemelhado com a sua parte mais histórica. Basta observar os detalhes, por exemplo, de “Santa Tereza”. Bairro onde, no passado, residia uma das camadas ricas da população, e que sempre olhava, lá embaixo, a pobreza - amontoada em casebres, muitos dos quais foram derrubados por conta das remodelações urbanísticas adotadas. Sobraram alguns poucos casarões que, no seu conjunto, formam aquilo que se convencionou chamar de área boêmia do lugar, contornada pelos “Arcos da Lapa”, com a sua história e importância. Da mesma forma que se pode verificar na Cinelândia, com seus prédios antigos, tendo, quase ao coração, o Teatro Municipal – todo imponente – cuja banda esquerda conta com as edificações que dão guaridas, separadamente, ao Museu de Belas Artes e à Biblioteca Nacional que, à frente, se dá com a praça, a qual uma de suas pontas parece tocar no Cine “Odeon” – construção que também teve o seu papel no processo de embelezamento.
Estampa fotográfica belíssima. Esta se estende do centro até o Passo, com recortes que se vêem ora alargado e ora mais estreito, a exemplo da rua do “Ouvidor”. No outro extremo, o “Cosme Velho”, que tem como vizinhas áreas de igual relevância histórica, e, lá do alto, o “Cristo” de braços abertos, como se quisesse abarcar toda a cidade – rica em museus, exposições e salas de espetáculos.
O Rio de Janeiro é, portanto, bem mais que simples corredores de areia, acariciado a todo instante pelas águas do mar. Não observar isso, é perder grande parte de suas atrações turísticas. Seria o mesmo que ficar todas as férias preso em um quarto de hotel ou nas dependências do apartamento.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Contudo, carece dizer, o turismo, por aqui, vai além do carnaval, do futebol e da praia. Ainda que se reconheça a força turística desses três itens. No entanto, os times cariocas estão bem aquém de suas apresentações de outrora, nem se tem desfiles das escolas de samba em janeiro ou, tampouco, nos meses posteriores ao reinado de Momo - embora se saiba de todo um trabalho desenvolvido no entorno do carnaval e no interior das escolas. Sobraram, portanto, as praias. Atrativos permanentes.
Mas, vale lembrar, a “Cidade Maravilhosa” não se resume aos limites das praias e não apenas aos dos bairros que lhes emprestam os nomes, ou lhes pegaram os nomes emprestados.
Ao redor desses bairros, existem os morros, os quais realçam o desenho paisagístico e, simultaneamente a isso, obrigam os riscados arquitetônicos a respeitá-los como balizas. Ainda que um ou outro morro tenha sido demolido ao longo dos anos, e os túneis, rasgados as entranhas de muitos dos que estão de pé.
O Rio de Janeiro fica desse modo, espremido, sem, contudo, se sentir sufocado. Pois o mar – que lhe banha as beiradas – presenteia a cidade com uma espécie de liberdade, tornando-a mais “leve” e “solta”. Daí, então, as construções na vertical, e os edifícios erguidos em quase parede-meia uns com os outros. O que estreitam e encurtam as vias secundárias, que nascem e cortam as avenidas, que servem de referência para os transeuntes.
Desenho arquitetônico muito assemelhado com a sua parte mais histórica. Basta observar os detalhes, por exemplo, de “Santa Tereza”. Bairro onde, no passado, residia uma das camadas ricas da população, e que sempre olhava, lá embaixo, a pobreza - amontoada em casebres, muitos dos quais foram derrubados por conta das remodelações urbanísticas adotadas. Sobraram alguns poucos casarões que, no seu conjunto, formam aquilo que se convencionou chamar de área boêmia do lugar, contornada pelos “Arcos da Lapa”, com a sua história e importância. Da mesma forma que se pode verificar na Cinelândia, com seus prédios antigos, tendo, quase ao coração, o Teatro Municipal – todo imponente – cuja banda esquerda conta com as edificações que dão guaridas, separadamente, ao Museu de Belas Artes e à Biblioteca Nacional que, à frente, se dá com a praça, a qual uma de suas pontas parece tocar no Cine “Odeon” – construção que também teve o seu papel no processo de embelezamento.
Estampa fotográfica belíssima. Esta se estende do centro até o Passo, com recortes que se vêem ora alargado e ora mais estreito, a exemplo da rua do “Ouvidor”. No outro extremo, o “Cosme Velho”, que tem como vizinhas áreas de igual relevância histórica, e, lá do alto, o “Cristo” de braços abertos, como se quisesse abarcar toda a cidade – rica em museus, exposições e salas de espetáculos.
O Rio de Janeiro é, portanto, bem mais que simples corredores de areia, acariciado a todo instante pelas águas do mar. Não observar isso, é perder grande parte de suas atrações turísticas. Seria o mesmo que ficar todas as férias preso em um quarto de hotel ou nas dependências do apartamento.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/766/visualizar/
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