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Opinião
Terça - 28 de Dezembro de 2010 às 14:18
Por: Bruno Peron

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Os sintomas da mudança planetária que se avizinha são cada vez mais inequívocos.

As pessoas cobram mais das outras a prestação de contas do comportamento moralmente elevado e cedem menos, portanto, às tentações da aparência e a conivência no erro.

Aumenta a responsabilidade sobre os erros nossos e de outrem.

O jornalismo, desde que feito com responsabilidade, tem um papel importante a cumprir na elucidação dos fatos e na cobrança por um mundo melhor. Segmentos da imprensa televisiva têm apontado as chagas da criminalidade no Brasil a fim de expressar o desejo de novos tempos.

A denúncia pela Globo de roubo e contrabando de veículos do Brasil ao Paraguai, a falsificação de documentos automotivos, e de erros graves cometidos pela enfermagem no país, no programa dominical Fantástico em dezembro, indicam a demanda crescente da sociedade a favor de um planeta mais digno.

A televisão aberta, deste modo, presta melhor serviço à nação ao incentivar menos o consumismo e o sensacionalismo. Consigo assim identificar alguns aspectos positivos nestas grandes empresas da comunicação, embora sua tarefa seja insubstituível à do Estado e ainda deixe a desejar.

Esta ressalva se deve a que muitos acreditam que a televisão substitui atributos essenciais do Estado e informam-se unicamente por ela sobre deveres e obrigações do cidadão.

A punição à auxiliar de enfermagem que injetou vaselina em lugar de soro numa criança praticamente dada de alta no hospital São Luiz Gonzaga, em São Paulo, é procedente, mas há que recordar que todos somos passíveis de errar e de arrepender-nos dos erros.

Não creio que algum humano seja tão maculado a ponto de não merecer uma segunda chance, ou terceira, quarta. A dificuldade fica maior no caminho de provas, mas até a superação total do erro.

Acredito, por esta razão, na capacidade de recomposição dos outros assim como espero que acreditem em mim e me perdoem, quando eu errar. A bomba estourou na mão da moça; amanhã outra bomba poderá estourar nas nossas. Quem quer ser sacrificado?

Colhemos muita desgraça no Brasil por conta da imitação de modelos que não deram certo noutros países, como o de punição prisional nos EUA. Começam a ver por lá que a recuperação é maior quando se trabalha para a sociedade em vez de enjaular o indivíduo e excluí-lo.

Até este reconhecimento as "autoridades" tupinicas terão construído centenas de presídios mais.

As milhares de declarações de diplomáticos estadunidenses ao redor do mundo trazem pouca novidade sobre a orientação arrogante e intrometida de EUA, mas o vazamento de Wikileaks deixa antecedentes para a discussão sobre o sigilo de informações.

Julian Assange, criador de Wikileaks, tornou-se presa de governos. Dizem que a prisão temporária em Londres deveu-se à denúncia de abuso sexual na Suécia. Inventarão mil pretextos para sua reclusão do sistema, que foi desafiado.

A imprudência do governo de EUA é muito mais culpada da liberação destas conversas sigilosas que o cidadão australiano Julian Assange, bode expiatório do paroxismo da era da informação.

Queria ver se os dignificantes do famoso vazamento de Wikileaks manteriam a opinião se algumas de suas conversas familiares, segredos ou bate-papos pessoais por correio eletrônico forem publicados com o pretexto de "liberdade de expressão".

Alguns dizem que não têm nada a esconder e creem que são diminutos os limites da linguagem para transparecer, como se a transparência fosse atributo do homem.

Espero que a privacidade não siga caminho tão funesto.

De todos modos, há que seguir cobrando a humanidade por mudanças das que somos artífices.

http://brunoperon.com.br



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