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Opinião
Quinta - 16 de Dezembro de 2010 às 09:05
Por: Kleber Lima

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Imaginando que tenho ou mantenho relações estreitas com o governador reeleito Silval Barbosa (PMDB) - de quem sou amigo e a quem apoiei pessoal e familiarmente nas últimas eleições, com todo o meu entusiasmo - muitas pessoas têm me procurado com uma pergunta em punho: "Quem vai ser o que no novo governo?". Até desenvolvi uma resposta-padrão: "Não sei quem Silval vai nomear, mas sei quem ele deveria demitir".

De fato, não sei muito além do que leio nos sites e jornais. Alguns nomes me surpreenderam. Um deles é o do deputado Wellington Fagundes, que vem sendo cogitado para assumir uma secretaria para tocar as obras do Governo. Não por suas credenciais.

Wellington, em minha opinião, possui competência para exercer qualquer secretaria em Mato Grosso ou qualquer ministério lá em Brasília. Só acho que ele é grande demais para ocupar cargos no âmbito do Estado, e penso que o "Welto" deveria se preparar para ser Senador ou Governador em 2014.

Também me surpreendo com a possibilidade de a deputada eleita Teté Bezerra assumir a secretaria de Turismo. De novo, nada relativo à sua competência, que já demonstrou possuir. É que Teté tem pela primeira vez a oportunidade de criar sua própria imagem política assumindo o cargo para o qual foi eleita na Assembléia Legislativa, e demonstrar todo o seu talento político de articuladora, inteligente, combativa, sensível e coerente, devolvendo ao PMDB uma representação parlamentar orgânica, perdida há muitos anos.

Outro dia até recebi um telefonema de um amigo me pedindo para apoiar a indicação de outro amigo em comum para uma secretaria. Respondi que não tenho peso para indicar ninguém, e mesmo que tivesse não o faria, porque acho que as indicações não devem passar por pessoas, mas por partidos. No artigo da semana passada analisei a crise do Mensalão, quando pretendi mostrar que o Lula pagou caro quando submeteu os partidos às pessoas, e torço para que Silval Barbosa tenha aprendido com esse erro do nosso presidente.

Um secretariado bem montado deve corresponder a várias nuances. A primeira e mais importante delas é ser capaz de pôr em prática o plano estratégico do governante. O governante, por sua vez, ao montar seu secretariado, deve procurar corresponder aos compromissos que assumiu com a sociedade durante a campanha.

Se as indicações são pessoais ou partidárias, isso é menos importante do que aqueles dois primeiros mandamentos. Claro que o governante - e não é diferente com Silval Barbosa ou com Dilma Roussef - foi eleito por um conjunto de forças políticas, econômicas e sociais.

É natural e legítimo que ele retribua a esses apoios dando aos apoiadores representação em seu governo, repartindo o poder com quem o ajudou a conquistá-lo. Mas, nunca, em nenhuma hipótese, pode deixar de observar esses dois aspectos: o secretariado deve ser capaz de pôr em prática seu plano estratégico de governo, e esse plano deve corresponder aos seus compromissos de candidato, sempre no melhor interesse do futuro do Estado.

Acredito que Silval tem todas as condições de montar um secretariado que seja capaz de cumprir seu projeto e seus compromissos públicos. Há excelentes quadros nos partidos e nas forças que o ajudaram a conquistar o poder. Vamos saber se terá conseguido no dia 20, quando prometeu anunciar seu time.

Embora não tenha peso para nomear nem demitir ninguém no Governo, creio, todavia, que Silval precisa resolver um problema central da articulação interna do seu governo, e da articulação institucional deste com a sociedade. Desde que assumiu o posto, em março passado, seu governo se ressente dessa ausência. Tive a oportunidade de dizer-lhe isso, usando a metáfora do xadrez: até hoje ele, como Rei, tem ido para as primeiras linhas da batalha para proteger seus peões.

Essa inversão, se mantida, poderá impedi-lo de governar com todo o seu potencial, porque peões, bispos, cavalos e torres têm um propósito nesse jogo, que é, antes de tudo, proteger o rei e a dama, e não expô-los. Quando isso acontece, fica-se permanente em xeque, a partida pode terminar antes de começar.


KLEBER LIMA
é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso.
kleberlima@terra.com.br.



Autor

Kleber Lima

KLEBER LIMA é jornalista e secretário de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá

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