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A Corrupção
Volta e meia, a corrupção ressurge como temática. Na verdade, esse tema jamais saiu da pauta. Pois, diariamente, se vê ou se ouve notícia a respeito. Tanto que, em recente relatório mundial sobre corrupção divulgado nesta quinta-feira (9) pela Transparência Internacional (TI), O Brasil é colocado como “um dos 23 países onde menos de 6% da população diz já ter praticado pequenos subornos para instituições e serviços, de saúde e educação a autoridades fiscais e outras instituições”. O dito levantamento diz mais: “para 64% dos brasileiros, a corrupção aumentou no país”.
Revelações nada surpreendentes. Embora se queira que o referido retrato fosse bem outro. Nem sempre, entretanto, o “querer” pode ser tido como verbo-norteador das ações diárias de um povo. Ainda mais por aqui, onde o patrimonialismo e o cartorialismo são esteios fundamentais do Estado. O que possibilita a uma série de distorções. Inclusive de condutas. Enraizadas em todos os poderes, e permeadas nos mais variados segmentos da sociedade. Isso porque o se “dar um jeitinho para ser atendido primeiro”, seja em órgão público ou não, mantém-se como cena corriqueira; assim como também o é o de pagar propina “para evitar problemas com autoridades” e “agilizar os processos”.
Práticas que fazem lembrar “As fábulas das abelhas”, cujo autor Bernard de Mandeville diz que os vícios privados proporcionam prosperidades ao Estado. No livro, Mandeville narra à história de uma sociedade em que as abelhas tinham mais vícios que virtude e os vícios de cada abelha eram considerados importantes para a prosperidade econômica de toda a colméia. Nesta existiam dois grupos, os canalhas assumidos e os canalhas dissimulados, bem como também todo tipo de vícios tais como: a inveja, o orgulho, a avareza, a ganância, mas também existia a lei, a justiça e a idéia divina. Vícios que traziam algum benefício coletivo, já que para sustentar a ganância de uma abelha, eram necessárias várias outras abelhas trabalhando em diversas áreas. Não fossem esses vícios, não haveria a justiça, nem haveria quem defender, quem acusar ou quem julgar; tampouco o avanço tecnológico não faria sentido, uma vez que não haveria competição, e a economia não circularia.
Obra bastante sugestiva. Pois muitas das coisas trazidas pelo seu autor ainda fazem presente no mundo de hoje. Sobretudo o Brasil - país com fortes laços de corrupção.
Corrupção que é alimentada pela impunidade. A certeza do não ser punido eleva o número de práticas agressoras à ética e, sobretudo, do patrimônio público.
Em função disso, cresce as desigualdades sociais. Situação agravada com a diminuição do dinheiro aplicado na saúde, educação e segurança; enquanto o que se destina as mordomias dos poderes não sofre corte algum. Até porque são essas mordomias que mantém de pé os esteios que sustentam o Estado brasileiro, aos quais fazem crescer as brechas para as ações corruptas – contra as quais nada existe. Uma ou outra prisão registrada não mete medo aos adeptos de tais práticas.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Revelações nada surpreendentes. Embora se queira que o referido retrato fosse bem outro. Nem sempre, entretanto, o “querer” pode ser tido como verbo-norteador das ações diárias de um povo. Ainda mais por aqui, onde o patrimonialismo e o cartorialismo são esteios fundamentais do Estado. O que possibilita a uma série de distorções. Inclusive de condutas. Enraizadas em todos os poderes, e permeadas nos mais variados segmentos da sociedade. Isso porque o se “dar um jeitinho para ser atendido primeiro”, seja em órgão público ou não, mantém-se como cena corriqueira; assim como também o é o de pagar propina “para evitar problemas com autoridades” e “agilizar os processos”.
Práticas que fazem lembrar “As fábulas das abelhas”, cujo autor Bernard de Mandeville diz que os vícios privados proporcionam prosperidades ao Estado. No livro, Mandeville narra à história de uma sociedade em que as abelhas tinham mais vícios que virtude e os vícios de cada abelha eram considerados importantes para a prosperidade econômica de toda a colméia. Nesta existiam dois grupos, os canalhas assumidos e os canalhas dissimulados, bem como também todo tipo de vícios tais como: a inveja, o orgulho, a avareza, a ganância, mas também existia a lei, a justiça e a idéia divina. Vícios que traziam algum benefício coletivo, já que para sustentar a ganância de uma abelha, eram necessárias várias outras abelhas trabalhando em diversas áreas. Não fossem esses vícios, não haveria a justiça, nem haveria quem defender, quem acusar ou quem julgar; tampouco o avanço tecnológico não faria sentido, uma vez que não haveria competição, e a economia não circularia.
Obra bastante sugestiva. Pois muitas das coisas trazidas pelo seu autor ainda fazem presente no mundo de hoje. Sobretudo o Brasil - país com fortes laços de corrupção.
Corrupção que é alimentada pela impunidade. A certeza do não ser punido eleva o número de práticas agressoras à ética e, sobretudo, do patrimônio público.
Em função disso, cresce as desigualdades sociais. Situação agravada com a diminuição do dinheiro aplicado na saúde, educação e segurança; enquanto o que se destina as mordomias dos poderes não sofre corte algum. Até porque são essas mordomias que mantém de pé os esteios que sustentam o Estado brasileiro, aos quais fazem crescer as brechas para as ações corruptas – contra as quais nada existe. Uma ou outra prisão registrada não mete medo aos adeptos de tais práticas.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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