A incógnita
Vive-se no momento derradeiro da disputa. Novidade alguma deve ocorrer. Isso em termos de discurso ou de proposta. Pois até agora, nada se viu nesse sentido. A petista e o tucano protagonizam a pior de todas as campanhas, desde 1989. Duas ou três de suas peças de propaganda são as únicas coisas que salvam. Embora tenham sidas produzidas com enredos de inverdades, em meio a um cenário de faz-de-conta, aplaudidas por leitores-torcedores e assistidas por votantes, em sua maioria, apáticos.
Situação que toma conta do lado direito do quadro, cuja moldura é toda desenhada pelas peripécias que se passaram no gabinete da Casa Civil; enquanto à esquerda se encontra o presidente do país na função de cabo eleitoral. Sua Excelência divide o espaço com o ex-presidente-sociólogo, que só aparece na fotografia por causa do rótulo de "privatista" - lhe imputado pelos petistas, com o qual estes procuram escamotear as obras do passado, as mesmas que o ex-metalúrgico se apossou e as "vende" como suas fossem.
"Vende-as" com tamanha competência que milhares dos eleitores acreditam piamente nele. Tanto que o tem como "herói", pois enfrentou o "leão" e, então, pode destruir a inflação, além de ser festejado como "autor" do plano econômico, o qual estabilizou a economia, equilibrou as finanças e, enfim, "arrumou a casa", tão logo se "desfez" de estatais empacadas no tempo. Tripé responsável pelo crescimento do país.
Crescer que nada tem a ver com o desenvolver. Pois o primeiro não é sinônimo do segundo, nem este pode ser substituído por aquele, ainda que haja pessoas insistentes em "trocar as bolas", a exemplo do que faz o presidente quando diz que "tirou" trinta e cinco milhões de brasileiros da linha da pobreza, valendo-se tão somente do Bolsa Família - pertencente a governos do passado. Blablablá repetido, insistentemente, por sua candidata que, vez ou outra, posa-se de "mãe do PAC", mas foge de qualquer discussão sobre os números realizados do dito programa.
O peessedebista, no entanto, também despreparado e pouco dado com a esgrima política, não é capaz de lhe "fechar o cerco". Até porque se sente como de fato o é, insuficientemente competente para debater a importância da privatização e de uma série de realizações da gestão anterior.
Não se poderia, portanto, esperar outra coisa dos debates entre o tucano e a petista. A baixaria, assim, transformou-se em "vedete". Bastante utilizada. Se bem que, nessa matéria, sobrepõe-se a indicada do ex-metalúrgico. Caso se tenha como referência, aqui, os noticiários da mídia. Por esta, circulam dossiês, quebra de sigilo da Receita Federal, uso da máquina estatal e a ajuda do Ministério da Justiça, acompanhado da "mãozinha" da Polícia Federal; em contrapartida, os tucanos e democratas se esbaldam com as falcatruas registradas na Casa Civil da presidência da República.
Expedientes que afastam dezenas de cidadão, porém atraem levas de votantes, enquanto muitos dos indecisos descansarão no próximo domingo, ao contrário de se dirigirem as suas respectivas sessões eleitorais. Por isso, aliás, todo segundo turno registra maior quantidade de abstenções que, se somada aos votos brancos e nulos, constituirá também no grande problema do peessedebista.
É grande, então, a tendência da ex-ministra da Casa Civil sair vitoriosa das urnas. Surpresa, contudo, não ocorrerá. Isso, por outro lado, não diminui a certeza que se tem com relação à petista, de ser a incógnita.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br
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