Violência piora?
A violência humana foi algo que sempre me interessou. Sempre acreditei na humanidade e em um futuro de paz e progresso. Por outro lado, causa-me espécie ver um país tão pacifista como o Brasil com uma violência interna tão grande. A quantidade de mortos sem motivo, inclusive no trânsito, é muito grande. Certamente, a omissão das autoridades é patente, falta fiscalização, falta legislação, falta cultura.
Tenho ouvido, desde criança, que a violência e as guerras aumentam em quantidade e malevolência. Por isso, tem me surpreendido um pesquisador que vem afirmando há anos o contrário. Trata-se de Steven Pinker, professor de psicologia da Universidade Harvard. Pinker afirma vivemos em uma era menos violenta, menos cruel e mais pacífica do que qualquer outro período da humanidade.
Para afirmar a diminuição da violência em famílias e estados, Pinker se vale de exames dos esqueletos encontrados em sítios arqueológicos e que indicam que cerca de 15% dos seres humanos pré-históricos tiveram uma morte violenta nas mãos de outra pessoa. Já na primeira metade do século 20, as mortes causadas pelas duas guerras mundiais não passou dos 3%. É óbvio que devemos fazer uma análise considerando a quantidade de seres humanos dos períodos e não somente o número absoluto dos mortos.
Uma observação curiosa, mesmo entre aquelas tribos consideradas pacíficas, como os kung de Kalahari, registra-se índices de assassinatos quanto a mais violenta cidade dos Estados Unidos, Detroit. Outro ponto é a diminuição dos assassinatos na Europa, é um décimo do que 500 anos atrás.
Para Pinker, essa redução deve-se ao fato do ser humano estar mais inteligente. Isso é o que mostra os testes de QI. Um adolescente que tem uma média 100, normal, ele pontuaria 130 no teste de 1910. E nesse ano, somente 2% conseguiu tal pontuação. Especula-se que a educação formal não tem papel importante nisso, mas, sim porque usamos mais os símbolos e a própria divulgação do raciocínio científico. Não minha experiência pessoal, conhecimento e inteligência caminham juntos.
Uma cultura que parece contradizer a tese são os muçulmanos. Até o fim da Idade Média, os árabes eram exemplos de cultura, de ciência e de tolerância religiosa. Ficaram conhecidos por preservar e estudar os clássicos gregos e a foram prodigiosos na matemática, astronomia, química e medicina.
Hoje, um quinto da raça humana é composta de muçulmanos, mas países islâmicos respondem por metade das guerras do mundo. E cerca de três quartos desses países aplicam a pena de morte, enquanto que no resto do mundo somente um terço faz o mesmo. E ainda aplicam penas cruéis, como apedrejamento, chibatadas e amputação. Muitos países ainda mutilam o clitóris da mulher. Enfim, uma involução com o passar dos séculos.
Pinker especula que as ideias humanistas e iluministas que prosperaram nos países cristãos ganharão também os países muçulmanos, graças aos meios de comunicação modernos. Será questão de tempo que adquiram o gosto pela liberdade de expressão, emancipação da mulher e rejeição à violência. O tempo dirá! De minha parte, vejo como preocupante a redução de cristãos na Europa e a “invasão” orquestrada no Brasil dos missionários muçulmanos. Os que hoje falam mal do catolicismo, sentirão saudades!
*MARIO EUGENIO SATURNO é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
mariosaturno.blog.com
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