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Opinião
Quarta - 29 de Setembro de 2010 às 01:00
Por: Eduardo Gomes

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João Figueiredo deixou a faixa presidencial num canto dos aposentos e foi para Nogueira cuidar de seus cavalos. Tancredo Neves, que deveria sucedê-lo, morreu pouco antes de assumir o cargo e o Brasil ficou numa encruzilhada histórica: empossa ou não o vice José Sarney?

Uma corrente na OAB sustentava que Sarney não poderia suceder o inexistente, pois a Presidência estava vaga. Nas ruas o povo chorava o adeus do estadista mineiro e se preocupava com o amanhã da cidadania.

Pior que a posse questionável seria o retorno ao arbítrio, pois chefes militares inconformados com o fim do regime de 1964 davam claros sinais que não deglutiriam um civil no Alvorada. Mestre na arte democrática Dr. Ulysses tratou logo de empossar Sarney. A nação aplaudiu e o Ministério Público Federal fez vistas grossas em nome da razoabilidade institucional circunstancial e do clamor popular.

Ontem, o Brasil colocou os interesses democráticos acima dos penduricalhos da lei. Com essa amadurecida e sábia decisão ganhamos o maior e mais representativo regime democrático mundial.

Agora, após o legislativo aprovar um projeto de iniciativa popular ganhamos uma lei com força para impedir a continuidade na vida pública dos políticos corruptos. Com ela livrar-nos-íamos dos politiqueiros do nebuloso submundo dos laranjas, ‘por fora’, caixa dois, propina, superfaturamento, licitação dirigida e outras maracutaias. Porém, sua aplicação nas eleições deste ano esbarrou na capacidade do Supremo Tribunal Federal de separar o joio do trigo para saciar a fome de justiça que faz a barriga da cidadania roncar.

O Supremo nasceu do povo e a criatura não pode ser maior que seu criador. Ao instituir a figura da indecisão que mantém em pé de igualdade o direito universal da disputa eleitoral neste ano, a dita corte suprema fere a alma nacional e aumenta a desconfiança do cidadão no Judiciário, que é visto enquanto poder que aplica os rigores da lei ao miserável e concede seus benefícios aos poderosos.

Ontem, a maturidade assegurou a passagem do poder aos civis ao empossar o vice de um presidente que não existia. Hoje, chama-se Weslian Roriz (PSC) a mulher que sepulta a conclusão do julgamento do Supremo sobre a validade ou não da lei ficha suja mantendo a indecisão sobre o caso, o que contribui para a descrença popular na Justiça.

Melancólico o papel do Supremo com seus ministros que vivem na redoma do avassalador poder que os impede de ver o nosso mundo real com olhar de simples mortais.


Eduardo Gomes
é jornalista
eduardo@diariodecuiaba.com.br



Autor

Eduardo Gomes
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É Jornalista em Cuiabá

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