De caminhada
Cuiabá sangrava muito no final dos anos 1970. Havia forte indignação popular com o seccionamento territorial para a criação de Mato Grosso do Sul. O regime vigente não permitia manifestações nas ruas. Mas, nem o arbítrio impediu que nas urnas em 1978, Mato Grosso votasse contra o candidato ao Senado Garcia Neto, que à época da divisão era governador biônico e na fase final do rito emancipatório apoiou a União.
À época havia grandes vazios demográficos no Nortão, na fronteira e no Araguaia. Mato Grosso precisava de gente ousada para ocupar essas regiões incorporando-as ao seu processo produtivo, pois a parte mais desenvolvida do estado uno ficou sob a tutela de Campo Grande.
Hoje, quem vai a Sinop, Canarana, Pontes e Lacerda e Alta Floresta se depara com o trabalho anônimo de milhares de mulheres e homens que não se abateram o isolamento, enfrentaram a malária, que não temeram a violência natural nos lugares em fase de formação, que superaram o vácuo administrativo governamental e que transformaram o vazio numa bonita explosão de vida e cor.
Focalizo este tema, porque foi exatamente há 33 anos que Garcia Neto desembarcou em Várzea Grande, procedente de Brasília, revelando que a divisão estava consumada e que a partir daquele momento ele vestia a camisa do presidente da República. Transcorridos 22 dias desse anúncio, Ernesto Geisel sancionou a lei criando o novo estado.
Portanto, em 11 de outubro de 1977, Mato Grosso reiniciava mais uma vez a construção de seu amanhã, como o fez após a derrota das tropas paraguaias que o invadiram. Esse trabalho ainda não foi concluído, é árduo e requer participação coletiva.
Todos, indistintamente participam da construção de Mato Grosso. Nesse trabalho alguns se despontam por sua liderança e criatividade no ambiente regional onde convivem; outros, mais arrojados ainda, ganham dimensão estadualizada nos meios políticos, empresariais e culturais.
Testemunhei a obra de ocupação do vazio mato-grossense. Sei das dificuldades dos pioneiros que escreveram essa bonita página da nossa história. Fico feliz ao ver que um desses personagens, Silval Barbosa, está a um passo da grande e desafiadora missão de governar Mato Grosso por quatro anos.
Não preciso de nenhuma outra razão para ser eleitor de Silval, pois suas impressões digitais na obra de colonização do Nortão, da qual participou e na qual se pontificou, o credenciam para liderar a caminhada de Mato Grosso rumo ao desenvolvimento.
Eduardo Gomes é jornalista
eduardo@diariodecuiaba.com.br
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