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Opinião
Terça - 21 de Setembro de 2010 às 12:43
Por: Lourembergue Alves

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Preso àquela gaiola, ninguém notava o seu olhar meigo e atencioso, e, por vezes, sedutor. Até que a mulher se deixou encostar à parede de vidro. Ficou encantada pelo seu “jeito criança de ser”. Não teve dúvidas, pagou o preço pedido, e, em poucos minutos, lá estava ele, acanhado, em um dos cantos da casa. Nada, porém, lhe passava despercebido. Estava atento a tudo e a todos. 

Comportava assim para melhor conhecer o ambiente. Tanto que no dia seguinte, passou a fazer do corredor, que liga aos cômodos, sua pista particular de corrida. Sempre com o seu brinquedo favorito, a abelhinha, pendurada entre os dentes.

A casa, nessa altura, já não era a mesma. Dudu trouxe a alegria que, às vezes, lhe faltava. Corre, brinca e rola pelo piso. Apresenta uma maneira só dele para expressar contentamento. Pendura às pernas da pessoa que lhe está mais próxima, e, dali, salta aos braços. Parece uma criança, carente de atenção e carinho. Vale-se dos mesmos truques para atrair a atenção. Quando não a tem, passa a latir e a morder quem se encontra por perto. 

Não é, portanto, um cão qualquer. Possui o dom de alegrar, ao mesmo tempo de proteger, ainda que tenha um tamanho bem abaixo da média dos de sua raça. Talvez, nem chegue a ser o de número 1. Mas, isso pouco importa, pois o que conta mesmo é a sua disposição em espalhar otimismo. Esperto, que só vendo! Seus olhos negros brilham ao ver alguém se aproximar. Já reconhece os passos da “sua dona” ao chegar ao portão. Imediatamente, deixa o que fazia para esperá-la. Esperneia, salta e entrelaça às pernas até que é pego no colo. “Agradece”, lá à sua maneira toda própria, parece “sorrir” ao ladrar, e, faz isso com tanta desenvoltura, que encanta a todos.  

Jeito sedutor e encantador, ou encantador e sedutor. Não se sabe bem ao certo! Certeza mesmo não se tem. Mas que o seu olhar irradia felicidade, isto sim. Também, pudera, com aquela carinha, bem preta, com uma enorme mancha branca a separar-lhe a boca e espalhar-se pela barriga até as pernas. O que o torna uma formosura de “rapagão”, ainda que na tenra idade. Pois, segundo os especialistas, filhote só deixa de ser tratado como tal depois de ultrapassar os seis meses de vida. Aliás, outro dia, ele tomou a vacina contra raiva – exigência a partir dos quatro meses. Daí o uso de ração apropriada para a sua fase cronológica. 

Come bem. Mas, entre o comer e o brincar, tem-se a impressão que Dudu gosta realmente é de estar no meio de todos da casa. Tanto que quando está sozinho, e na maioria das vezes se encontra neste estado, passa o tempo a dormir, nem sequer levanta para se alimentar. Pois não gosta nenhum pouco da solidão. O estar só o apavora. Tanto que somente a sensação, sem o estar de fato só, o deixa bravo, a ponto de morder quem está se arrumando para sair-se. 

Dudu, portanto, é o amigo que faltava. Um cachorro adorável. Já se enturmou, e não se sente como um estranho na casa. Tudo nela lhe é bastante familiar. Percebe quaisquer movimentos. Nota o menor ruído, inclusive os da alma. Este principalmente, uma vez que é capaz de sentir o menor sinal de tristeza, sobretudo dos que o adotaram como “membro da família”.   


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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