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Opinião
Sexta - 10 de Setembro de 2010 às 09:04
Por: Lourembergue Alves

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A democracia é o melhor de todos os regimes. Não há outro capaz de substituí-lo, e tão capaz e eficaz quanto no que diz respeito à escolha dos representantes do povo. Falhas, entretanto, existem. Pois pode ser eleito um demagogo ou alguém sem quaisquer traquejos para administrar a coisa pública, nem para sair-se em defesa dos interesses do Estado e de seus habitantes.

Isso se deve a chamada onda Lula. A mesma que nas eleições passadas deu carona a uma porção de gente, a qual não se fazia, nem faz por merecer a incumbência que lhe fora atribuída via votação popular.

Agora, pelo menos é o que se percebe, o número dos caroneiros cresceu bastante. Muitos desses podem ser eleitos. Serão, não por seus próprios méritos, como é o caso de candidatos a governador, ao senado e até a presidência da República.

Caem por terra, então, algumas verdades "tidas como certas", entre as quais "a de que não se transfere votos", uma vez que inexiste a transferência de prestígios. É claro que o prestígio é intransferível. Caso contrário, a assertiva "filho de peixe, peixinho o é" seria verdade absoluta. O que derrubaria teses antropológicas, sociológicas, etc.

Apesar disso, líderes têm ajudado, e muito na eleição de seus apadrinhados. Paulo Maluf, por exemplo, teve participação decisiva na vitória eleitoral do ex-secretário Pitta para a prefeitura de São Paulo. Iguais a este, outros tantos se repetiram nos municípios e nos Estados. Inclusive para o Senado, tal como o que se viu em Mato Grosso, na condução de Antero Paes de Barros, em 1994. Foi valiosíssima a "intervenção" de Dante de Oliveira.

Portanto, seria ingenuidade imaginar-se que o ex-metalúrgico, agora na presidência da República, com a popularidade que tem, não seria capaz de fazer o seu sucessor. Ainda que sua candidata não demonstre aptidão alguma para o cargo que disputa.

Pecou a oposição. Sobretudo o PSDB e o DEM. Fadados a pagar o preço altíssimo por suas visões enviesadas do atual cenário político-eleitoral. Subestimaram a utilidade da máquina, e, principalmente, a força da popularidade e da aprovação do presidente. Pois sua candidata dispara na pesquisa de intenção de votos, e ao lado dela aparecem dezenas de outros postulantes pelo Brasil afora.

A referida onda é enorme o bastante para acomodar a todos. Pode não ser suficientemente grande quando os ditos cujos tomarem posse. As lições do passado são testemunhos de dezenas de desastres políticos.

Não é por conta disso, contudo, que se deva identificar a democracia como a um regime ruim. Ao contrário. Pois não se tem e nunca terá algo melhor que o viver democraticamente, ainda que entre os escolhidos, via voto popular, se possam encontrar pessoas pouco dadas às questões políticas e aos negócios públicos. Afinal, a onda Lula é passageira, e não é eterna. O que é um consolo!


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br



Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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