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Opinião
Quarta - 25 de Agosto de 2010 às 09:44
Por: Onofre Ribeiro

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Sinto-me no dever cívico, além de histórico, de tentar neste artigo resgatar um pouco da minha vida em Mato Grosso ao longo desses 34 anos que completo hoje. Vim de Brasília, com 32 anos, cheio de vida, nacionalista ferrenho, fruto da educação da época, e pronto pra detonar na vida. Cheguei a Cuiabá na noite de 25 de agosto de 1976. A cidade era pequena, simples, calorenta e aconchegante. Fui recebido com enorme carinho, embora fosse um “pau rodado”, expressão cuiabana que podia ser de boas vindas ou de rejeição. Senti-me um “pau rodado” bem vindo. Como, aliás, sinto-me até hoje.

Até cidadão cuiabano e mato-grossense oficiais já sou. Mesmo que não fosse, por mim mesmo já seria. Meus três primeiros filhos Miguel, Fábio e Marcelo, nascidos em Brasília, cresceram aqui. Tiago nasceu cuiabano. Marcelo morreu em Salvador, mas trouxe-o para Cuiabá, assim como meu neto Luka e sua mãe Daniela. Só Fábio, Aline, Enzo e Pietro, que está chegando, vivem em Aracaju. Os demais vivemos todos em Cuiabá.

Nada mais se parece com aquele estado de há 32 anos. Aliás, quero recordar aqui três coisas muito marcantes pra mim: em 1976, não havia muito pra se acreditar num futuro formoso para Mato Grosso. Mas os mato-grossenses não tinham a menor dúvida de que ele viria. O presidente Ernesto Geisel, quando quis dividir Mato Grosso disse ao governador José Garcia Neto que era necessário porque o estado tem potencialidades que poderiam um dia ameaçar a soberania nacional, como São Paulo, em 1932. E, por fim, a profecia de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste, falava desse futuro. Hoje, passados 34 anos, reconheço que as três coisas estavam certas. Mato Grosso está no mapa brasileiro e aparece no mapa mundial por suas possibilidades produtivas, em especial a de alimentos. Mas quero reconhecer, também, a antevisão do então governador Garcia Neto (1975/1978), no slogan que revelava o conceito de seu governo: “Mato Grosso – Estado Solução”. Foi profético!

Hoje passados 34 anos, já tenho alguns cabelos brancos, algumas rugas no rosto, mas minha mulher Carmem, e eu, vemos os nossos filhos encaminhados firmemente na vida, e nos entregando os seus netos dentro da mesma perspectiva. O que mais uma família pode desejar?

Confesso que da minha Minas Gerais, guardo o jeito, alguns defeitos e algumas qualidades. De Brasília, onde vivi 16 anos, guardo lembranças. Mas se fosse escrever uma auto-biografia, a parte de minha vida aqui ocuparia quase todas as páginas. Confesso que gostaria de ter hoje 30 anos, para poder vivenciar o futuro que está vindo. Ele confirma a crença dos velhos mato-grossenses, do ex-presidente Geisel e a profecia de Dom Bosco. Erramos muito pra chegar até aqui. Mas acertamos mais do que erramos. Afirmo isso como espectador, testemunha e, em certos momentos, coadjuvante nesse contexto histórico.

Porém, como meu pai, que até a semana passada, viveu 90 anos, minha mãe fez 84 anos, penso que viverei o bastante para continuar sendo testemunha nos próximos aniversários de minha chegada a Cuiabá, naquele velho Corcel 69, azul, de quatro portas, seis meses antes de minha mulher e dos meus três filhos, e continuar acompanhando esse Mato Grosso que tanto se transformou nesses 34 anos e muito mais transformará no futuro!


*ONOFRE RIBEIRO
é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br



Autor

Onofre Ribeiro
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br

É jornalista em Cuiabá.

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