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Opinião
Sexta - 16 de Julho de 2010 às 09:27
Por: Lourembergue Alves

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Vive-se em época de campanha político-eleitoral. Justifica-se a divulgação das propostas de governo dos candidatos, bem como o bombardeio de notícias a respeito. O que leva o (e) leitor ora para um lado, ora para outro. Até porque prevalecem, nesse jogo, os interesses particulares.

Daí a importância do estar de olho em tudo que se publica, irradia e veicula. Independentemente do canal transmissor. Rádio, televisão, impresso, blog ou site. A atenção a todos esses veículos deve ser a tônica. Não apenas por parte do estudioso. Mas, igualmente, do votante. Até porque em política, bem mais que quaisquer outras situações, inexistem o comportamento neutro. Não importa o momento, sempre haverá alguém interessado em "puxar a brasa para sua sardinha", ou melhor, para o candidato que se quer "dar uma forcinha".

Retrato que se viu recentemente quando da divulgação das propostas de governo. Ocasião em que as propostas de um candidato foram privilegiadas, ao passo que as dos demais, inclusive, foram alvos de críticas. A divulgação, aqui, perdeu o seu sentido original, e ganhou contorno diferenciado, uma vez que o juízo de valor assumiu seu lugar.

O estranho é que os veículos de comunicação, os de hoje, se apresentam como "independentes" e "a serviço da sociedade". Diferentemente, portanto, dos jornais da década do período de 1947-1960, que eram, realmente, porta-vozes das agremiações partidárias. O "Combate", por exemplo, se intitulava órgão da UDN, o "Social" do PSD e o "Estado de Mato Grosso", posteriormente, do PTB. Situação muitíssimo parecida com a dos Partidos Republicanos Estaduais, pois cada qual possuía seu jornal.

Nesse sentido, o (e) leitor procurava ler o conteúdo que melhor lhe convinha, ou de acordo com sua "bandeira partidária". Crítico, portanto, era aquele que procurava ler todos os "porta-vozes" das siglas políticas, e, a partir daí, passar a formar a sua opinião sobre o cenário construído e vivido.

Não é outro, portanto, o papel do cidadão. Bem mais que o do simples votante. Este se deixa levar pelo juízo de valor, impulsionado pela torcida a uma dada candidatura; ao passo que aquele se recusa a ficar preso a um único diário ou semanário. Prefere, então, se dedicar a leitura de todos os impressos, ouvir a todos os comentários e assistir aos mais diferenciados dos telejornais, além de conversar a respeito do conteúdo lido, ouvido e assistido.

Exigência do momento vivido. Afinal, a discussão política não pode, nem deve ficar a cargo tão somente dos agentes políticos. Sobretudo porque a política é uma atividade que requer a participação de todos. Participação que não se restringe a aceitação, mas a manifestação e a reivindicação. Até mesmo para poder identificar os interesses individuais em jogo. Principalmente quando tais interesses sejam vendidos como os da comunidade, mesmo através de matéria jornalística.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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