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Opinião
Sexta - 02 de Julho de 2010 às 18:07
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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A desclassificação do Morumbi (SP) como um dos estádios da Copa do Mundo de 2014, ainda deve render muita discussão. Da mesma forma, o projeto de construir o “Piritubão”. O São Paulo não tem os recursos que o projeto de reforma determinado pela comissão da Fifa exige e, com isso prefere até ficar fora do mundial. Mas, se o São Paulo, um dos maiores clubes do país, não vê condições de viabilizar o investimento, o que se pode dizer de Pirituba, onde não há uma estrutura clubística envolvida? Em ali sendo construído o estádio, qual seria o seu destino depois da Copa? E quem investiria nessa obra? A iniciativa privada ou o poder público?

Sediar um campeonato mundial é uma grande promoção ao país. A África do Sul, de quem até recentemente só havia notícia do “apartheid” e da saga de Nelson Mandela, hoje está tendo condições de mostrar ao mundo seus pontos positivos e, com isso, alavancar o turismo e outros empreendimentos que poderão melhorar as condições de vida do povo. O Brasil também poderá ter esses resultados se bem explorar o Mundial de 2014. Mas tem de definir de forma sustentável os investimentos a realizar e desenvolver projetos que tenham utilidade depois da Copa.

Com projetos sustentáveis, será possível atrair investimentos privados para a sua realização. Mas ninguém será louco de colocar seu dinheiro numa obra que corra o risco de servir ao campeonato mundial de futebol e depois permanecer sem utilização, como um elefante branco. Nesse caso, só o poder público, tradicional mal gastador do dinheiro arrecadado do povo, seria capaz de investir. Mas não é a solução, principalmente se considerarmos que existem milhares de problemas básicos do povo – saúde, educação, assistência social, etc. - que também necessitam de recursos públicos e, numa escala de prioridades, devem ser mais urgentes do que sediar a Copa do Mundo.

Fala-se, no Rio de Janeiro, da existência de instalações construídas para os Jogos Pan-Americanos, ali disputados em 2007, que hoje se encontram ociosas e até em deterioração. Isso não pode acontecer, pois são recursos investidos que poderiam estar cumprindo uma finalidade social. Daí a importância da sustentabilidade das obras. Estádios e canchas esportivas não podem se prestar exclusivamente à finalidade principal. Seu entorno, debaixo das arquibancadas e as próprias arenas têm de ser multiuso, reunindo condições para as disputas e também para a comunidade e empresas ali desenvolverem atividades. E, para elaborar esse esquema de múltipla utilização, temos técnicos e áreas de conhecimento em arquitetura e urbanismo altamente especializados. Há que se reputar da melhor maneira possível cada real investido.

Se as obras forem dirigidas a atender mais do que a Copa de 2014, certamente aparecerão os recursos para sua realização e o estádio até poderá ser em Pirituba ou em qualquer outro lugar. Questão de planejamento e finalidade...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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